
São Paulo - O candidato do PSDB à Presidência, José Serra, acusou ontem o presidente Luiz Inácio Lula da Silva de usar a máquina pública em benefício da candidata do PT, Dilma Rousseff. Para o tucano, o lançamento por parte do governo federal de um programa de combate ao crack, no mês passado, teve vistas às eleições. Serra disse que, após sete anos e meio de governo, os petistas souberam por pesquisas de opinião da preocupação do eleitor com o crack e lançaram o programa. "É uma tabelinha quase perfeita de uso da máquina. A candidata fala e o governo lança o plano", afirmou o candidato, em sabatina promovida pelo jornal Folha de S.Paulo e pelo portal UOL, na capital paulista.
Em duas horas de sabatina, à qual chegou com 40 minutos de atraso, Serra centrou ataques ao governo federal e à campanha de Dilma. Ao falar sobre privatizações, disse que os adversários fazem terrorismo eleitoral ao explorar o assunto.
"O governo Lula privatizou dois bancos, não reestatizou nada e acho que essa questão é mais usada como terrorismo do que como debate. Falar Serra vai privatizar o Banco do Brasil é um terrorismo. Eu participei dos dois Proer (socorro financeiro aos bancos) e acho que o governo deve ter mecanismos de controle no mercado financeiro", disse ele.
O tucano fez também uma previsão alentadora da disputa presidencial. Indagado sobre a popularidade do presidente Lula e a possível transferência do votos para a adversária petista, ele admitiu que esta vai ser uma eleição difícil, porém, aposta todas suas fichas em sua biografia política para vencer o pleito. E aproveitou para dizer que caberá ao eleitor, neste momento, fazer a escolha a partir da história dos candidatos, numa crítica velada ao currículo menos extenso de sua adversária na vida pública.
No que depender de Serra, a escolha do vice ficará para o fim deste mês. O tucano disse que o assunto não o estressa e que a pessoa que estará a seu lado pode até ser "um que fale muito". O candidato afirmou ainda que até ele mesmo tem curiosidade para saber quem será o escolhido.
Dossiê
Em relação ao recente escândalo envolvendo um suposto dossiê que teria si elaborado pelo PT contra os tucanos, Serra voltou a dizer que Dilma deveria ter pedido desculpas publicamente por causa do suposto dossiê com informações sigilosas, inclusive de dépósitos em conta corrente do vice-presidente-executivo do PSDB, Eduardo Jorge. "Deveria ter afastado pessoas, pedir desculpas. Agora o que não pode é dizer que o problema é da Receita."



