
Nome mais competitivo contra Dilma Rousseff (PT) para a eleição de 2014, segundo o Datafolha, Marina Silva vai fazer uma aposta arriscada para viabilizar a candidatura. A ex-senadora acreana corre contra o tempo para criar uma nova legenda até outubro, último prazo legal de filiação partidária. Apesar dos riscos, a decisão tem como vantagem a possibilidade de atrair lideranças de outros partidos, inclusive petistas e tucanas.
A nova sigla se beneficiaria da brecha legal que possibilitou que o PSD, criado em 2011, atraísse 49 deputados federais de outros partidos e se transformassem na quarta maior bancada da Câmara. A criação do novo partido de Marina ainda depende da coleta de 500 mil assinaturas em todo país, mas mobiliza militantes. Nas últimas semanas, um grupo de 317 petistas do Piauí pediu desfiliação para ingressar no Movimento Social Nova Política, embrião da legenda da ex-senadora.
O novo partido deverá ter como bandeiras a sustentabilidade ambiental e o combate à corrupção. O primeiro diferencial em relação às demais siglas seria aceitar apenas doações de campanha feitas por pessoas físicas.
O consultor político e professor de Comunicação Política da Universidade de São Paulo Gaudêncio Torquato diz que Marina tem um ótimo perfil, mas deve ser mais uma vez prejudicada pela falta de estrutura de campanha. "Quando você vai para a guerra eleitoral, precisa de um comandante, de arsenal e de tropas. O problema é que o exército dela está mais para o de Brancaleone", opina Torquato.
Presidente do PV no Paraná e ainda aliada de Marina, a deputada federal Rosane Ferreira faz uma análise similar. "Ela pode fazer um papel bonito mais uma vez, mas vai faltar capilaridade. Infelizmente, com um partido pequeno e um espaço na televisão ridículo não dá para vencer", afirma Rosane.
A parlamentar confessa que ela e outros colegas da direção nacional do partido ainda sonham com a volta de Marina para o PV. A ex-senadora deixou a sigla em 2011, após desentendimentos com o atual presidente, José Luiz Penna. Mesmo fora da política partidária nos últimos dois anos, Marina mantém índices de intenção de votos similares aos de 2010, quando ficou em terceiro lugar, com 19,6 milhões de votos (19,33% do total).
De acordo com sondagem de abrangência estadual feita pela Paraná Pesquisas em dezembro, ela aparece em segundo lugar com 19% em um cenário que inclui Dilma, com 49,8%, Aécio Neves (PSDB), com 14%, e Eduardo Campos (PSB), com 2,1%. Em quatro diferentes cenários de alcance nacional avaliados pelo Datafolha, também no mês passado, ela aparece com porcentagens entre 13% e 18%.
Para Rosane, o encantamento com Marina, especialmente entre os paranaenses tende a se manter. "Em 2010, me lembro de ter participado de um encontro com estudantes da UniBrasil em que a Marina chegou duas horas atrasada. Todo mundo estava tenso, mas foi só ela falar por cinco minutos que tudo foi esquecido. Por essas e outras eu acredito que com um pouco mais de organização ela chegaria bem longe."



