• Carregando...

O mecânico Francisco das Chagas, acusado de matar e mutilar 42 meninos no Maranhão e no Pará, entre 1991 e 2004, chorou no interrogatório de seu julgamento, que acontece nesta segunda-feira (23), nas proximidades de São Luís (MA), e revelou que sofreu abuso sexual quando era criança. Segundo ele, um homem chamado Carlitos, que era criado pela sua avó, teria sido o autor da violência.

Chagas está sendo julgado pela morte de J.S.V., 15 anos, que ocorreu em dezembro de 2003. O menino saiu de casa, disse que ia colher frutas com o mecânico e desapareceu. Seu corpo foi encontrado em janeiro de 2004. Esse foi o último dos 42 assassinatos atribuídos a Chagas, 12 deles ocorridos no Pará. O réu é apontado por autoridades e especialistas como o maior serial killer brasileiro. Os processos referentes aos outros crimes ainda tramitam na Justiça.

As vítimas, em alguns casos, foram mutiladas. O caso ficou conhecido como Meninos Emasculados (devido à retirada das genitálias). As ocorrências tiveram repercussão internacional.

No julgamento que está em andamento, o mecânico deve responder pelos crimes de homicídio doloso qualificado, por motivo torpe, e ocultação de cadáver. Ele pode ser condenado a até 30 anos de prisão, mas a pena pode ser reduzida, se for considerado que ele tem perturbações psicológicas.

Nesta segunda, Chagas negou que tenha abusado sexualmente e mutilado J, mas disse que estrangulou o menino.

A posição de Chagas frente às acusações mudou algumas vezes desde que foi preso, pouco após a morte de J.S.V. Primeiro, negou tudo. Depois, confessou ter matado 30 meninos no Maranhão e 12 no Pará. Chegou a apontar para a polícia o local onde deixou as vítimas, com margem de erro de 50 metros em relação aos dados dos laudos necroscópicos. Recentemente, ele disse ao advogado, Erivelton Lago, que "tem muita criação em cima disso". Como exemplo das "invencionices", Lago afirma que há gente condenada por homicídios atribuídos a seu cliente.

Manifestação

Um clube foi preparado especialmente para o júri. O Tribunal de Justiça do Maranhão recebeu as inscrições de 500 interessados em assistir o julgamento.

No início da manhã, parentes das vítimas e pessoas ligadas a organizações de direitos humanos fizeram uma manifestação em frente à Prefeitura de São Luís, pedindo a condenção do mecânico. Ainda não estão marcados os julgamentos dos outros crimes.

Leia mais G1

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]