Encontre matérias e conteúdos da Gazeta do Povo
gestão

Mendes encerra gestão marcada por polêmicas no comando do STF

"O Judiciário sai maior nestes dois anos", disse ministro sobre sua atuação. Cezar Peluso assumiu comando da Suprema Corte nesta sexta-feira

O ministro Gilmar Mendes despediu-se da presidência do Supremo Tribunal Federal (STF) nesta sexta-feira (23) com uma gestão marcada pela defesa de temas polêmicos. Um dos casos mais marcantes em sua gestão foi o da concessão de dois habeas corpus ao banqueiro Daniel Dantas, preso pela Polícia Federal durante a Operação Satiagraha, que investigava fraudes financeiras.

Também foi de Mendes a decisão de conceder liberdade ao médico Roger Abdelmassih, preso sob a acusação de ter cometido atentado violento ao pudor e estupro contra ex-pacientes. Na decisão, Mendes afirmou que a prisão preventiva do médico, "sem a demonstração de fatos concretos", resultou em "mero intento de antecipação de pena".

Em dezembro de 2009, ele deu a palavra final ao suspender a liminar que garantia a permanência do garoto Sean Goldman, de 9 anos, no Brasil. O menino era alvo de uma disputa entre sua família brasileira e o pai biológico, o norte-americano David Goldman. Mendes suspendeu liminar que impedia a volta de Sean aos EUA, obtida pela avó do garoto, Silvana Bianchi.

Eu sei que o juiz só deve falar nos autos. Mas o presidente do Supremo não é um juiz qualquer. Ele não está falando sobre caso concreto, ele está passando uma orientação para todos os juízes. Muitas vezes, ele está falando sobre a Constituição. Prefiro falar antecipadamente e advertir quando há possíveis excessos do que ficar calado e ser responsabilizado por omissão"Ministro Gilmar MendesO ministro também criticou os grampos realizados em investigações e a exposição de suspeitos à imprensa e a atuação do Ministério Público por suposta conivência com as invasões de propriedades patrocinadas pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).

Nem o presidente Luiz Inácio Lula da Silva escapou das críticas do ministro. "Não se pode brincar com a Justiça. O presidente da República, ao cumprir decisões judiciais, é para dar exemplo", disse Mendes, em resposta às declarações irônicas de Lula sobre as multas aplicadas pela Justiça Eleitoral por propaganda antecipada.

Em um dos seus últimos compromissos institucionais à frente do STF, durante a sessão da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, no dia 14 de abril, Mendes fez um desabafo sobre as críticas que recebeu ao longo do seu mandato. Ele afirmou que o juiz só deve se manifestar nas decisões judiciais, mas disse que o cargo de presidente do Supremo demanda uma atuação mais ampla.

"Eu sei que o juiz só deve falar nos autos. Mas o presidente do Supremo não é um juiz qualquer. Ele não está falando sobre caso concreto, ele está passando uma orientação para todos os juízes. Muitas vezes, ele está falando sobre a Constituição. Prefiro falar antecipadamente e advertir quando há possíveis excessos do que ficar calado e ser responsabilizado por omissão", afirmou.

Durante dois anos no comando do STF, Mendes implementou uma gestão pautada na qualidade administrativa, na modernização da estrutura do Judiciário e no respeito às garantias individuais. Na semana passada, ao falar de sua gestão, ele procurou valorizar sua passagem pelo comando da Suprema Corte. "Só discuti questões relevantes. O Judiciário sai maior nestes dois anos."

Principais Manchetes

Receba nossas notícias NO CELULAR

WhatsappTelegram

WHATSAPP: As regras de privacidade dos grupos são definidas pelo WhatsApp. Ao entrar, seu número pode ser visto por outros integrantes do grupo.