
De origem social distintas, Mercadante (filho de general do exército) e Lula (metalúrgico) se conheceram quando o economista fazia mestrado na Unicamp, no final da década de 1970, havia optado por estudar a indústria automobilístico. Para colher para sua pesquisa, se aproximou do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo e Diadema, presidido na época por Lula.
Mercadante tinha iniciado sua militância política anos antes durante o curso a graduação na USP. Chegou a presidir o centro acadêmico da Faculdade de Economia e Administração e participou das mobilizações pela refundação do Diretório Central dos Estudantes da universidade, que havia sido fechado pela ditadura. Nessa época, integrou a tendência marxista Refazendo, grande rival da trotskista Libelu, da qual faziam parte outros futuros petistas como Luiz Gushiken e Palocci.
No início de militância, vivia uma situação delicada que exigia a capacidade de conciliação que lhe é cobrada agora: defendia o fim da ditadura, enquanto seu pai, o general Oswaldo Muniz Oliva, ocupava postos de comando dentro do Exército. “Ao entrar na faculdade, o Aloizio assumiu uma independência forte das posições do pai. Nunca rompeu com ele, mas optou por um caminho autônomo. Pode notar o Aloizio que não usa o sobrenome do pai”, relembra a professora de psicologia da USP Vera Paiva, amiga e colega de militância do atual ministro.
Vera acredita que a artilharia contra Mercadante no governo federal pode ser consequência de sua personalidade. “O Aloizio é uma pessoa muito reservada. Não é de festas e conchavos. Tem pouquíssimos amigos. É uma pessoa reta, então não deve ser fácil para ele “, conta a professora da USP sobre o atual ministro da Casa Civil, que é casado com a socióloga Maria Regina de Barros e tem uma casal de filhos (Mariana e Pedro).
Depois da militância no movimento estudantil, Mercadante participou ativamente da fundação do PT em 1980 e rapidamente ganhou a confiança de Lula. Foi por incetivo do líder petista que disputou a sua primeira eleição, em 1990, quando se sagrou o deputado federal mais votado do partido.
Quatro anos depois, aceitou a contragosto a convocação para ser o vice de chapa presidencial depois que José Paulo Bisol teve que deixar o posto ao ser acusado de superfaturar emendas parlamentares. Mercadante abriu mão de uma reeleição certa para deputado para ajudar o padrinho. “O Aloizio era uma espécie de filho político do Lula. Era muito mais próximo do Lula do ponto vista humano do que qualquer outra pessoa do PT, como o José Dirceu”, afirma um dos coordenadores da campanha petista de 1994.
A escolha de Mercadante para vice tinha como objetivo fortalecer o discurso econômico sobre o Plano Real, que foi implantado naquele ano e impulsionava a candidatura de Fernando Henrique Cardoso (PSDB). A estratégia não deu poucos resultados e o tucano acabou ultrapassando o adversário do PT, que liderava a corrida eleitoral no primeiro semestre. “Acho que a fissura com o Lula começou a partir dali. Ele seria o nosso porta-voz econômico e não conseguiu ser porque não tinha uma resposta para o Real”, completa o petista que trabalhou na campanha de 1994.



