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| Foto: Daniel Castellano/ Gazeta do Povo

Picolo diz ouvir Derosso por ter "experiência"

Interino diz que, quando "esbarra em dificuldade", recorre a conhecimentos do presidente licenciado da Câmara

Leia matéria completa.

Histórico

Veja os últimos fatos envolvendo a permanência de Derosso na presidência:

• 15 anos

João Cláudio Derosso (PSDB) foi eleito presidente municipal da Câmara Municipal de Curitiba em 1997. Desde então, permanece há oito mandatos consecutivos como mandatário da Casa.

• Perseguido

Depois das suspeitas de ter cometido irregularidades na contratação de agências de publicidade para a Câmara, Derosso pediu, em 22 de novembro de 2011, o afastamento por 90 dias do Comando da Casa por estar sendo "perseguido" pela imprensa. Uma das empresas contratadas é de propriedade de sua atual mulher, a jornalista Cláudia Queiroz Guedes.

• Vice-prefeito

Derosso se articulava para ser o vice-prefeito na campanha eleitoral do atual prefeito Luciano Ducci (PSB). A partir do surgimento do escândalo, foi esquecido pela chapa. A mudança do horário da sessão na Câmara para a manhã é vista como uma demonstração de força de Derosso nos meandros da Casa, que deve tentar a reeleição.

• Manobra de sucesso

Em 16 de fevereiro deste ano, Derosso conseguiu novo afastamento da Casa por 90 dias. O vereador apresentou um requerimento que não constava na ordem do dia, e a maior parte dos vereadores não se deu conta sobre o que estava sendo votado. O pedido anterior expirava no dia 21. Na justificativa, o vereador disse que pretendia preservar a instituição.

• Pauta bloqueada

Nas últimas semanas, a oposição da Câmara, formada por membros do PT e PMDB, tenta pedir o afastamento definitivo de Derosso, alegando que o regimento interno prevê licenças por no máximo 120 dias, enquanto o presidente licenciado permanecerá 180 fora do cargo. Um requerimento espera avaliação da Comissão de Legislação e Justiça, mas já recebeu parecer desfavorável do departamento jurídico.

Mesmo estando oficialmente fora do comando da Câmara Municipal há 100 dias, o vereador João Cláudio Derosso (PSDB) continua agindo como presidente da Casa nos bastidores. Derosso, que preside a Câmara há 15 anos, pediu licença em novembro depois de várias suspeitas de irregularidades sobre sua gestão terem sido levantadas. Em fevereiro, renovou o pedido por mais 90 dias, o que manteve o interino Sabino Picolo (DEM) respondendo oficialmente pela Câmara.

No entanto, há vários indícios de que Derosso continua como "eminência parda" da Câmara. Propostas que não lhe interessam, como os requerimentos da oposição para que seja retirado em definitivo da presidência, são barrados. Mesmo sem ter cargo oficial na Mesa Executiva, é chamado para debater os assuntos de gestão da Casa. E tem acesso livre ao gabinete da presidência, que em teoria, por enquanto, não pertence mais a ele. Nesta semana, a reportagem da Gazeta flagrou Derosso na sala de presidente, usando o telefone.

Para Picolo, a presença de Derosso, com o telefone em mãos, apenas comprova o que ele prega em sua gestão: a democracia. "Sempre falei que minha administração seria compartilhada. Qualquer vereador está livre para usar a sala de reuniões ou o telefone da presidência, não apenas o Derosso", explica. "Essa sala não é minha, é dos vereadores, do povo. Ela não está fechada para ninguém", diz. A reportagem procurou Derosso para comentar o assunto, mas ele não respondeu às ligações.

Bastidores

O encaminhamento dos requerimentos pedindo o afastamento definitivo de Derosso e a realização de novas eleições mostra a força que o presidente licenciado ainda tem. Um deles não foi lido "por falta de tempo". O outro deveria, pelo regimento, ser votado no dia em que foi protocolado. Não foi assim: primeiro, a proposta foi encaminhada para o jurídico. Quando voltou, também não foi a plenário. Sabino Picolo pediu o parecer da Comissão de Legislação e Justiça. Lá, o relator designado para a proposta foi Emerson Prado, líder da bancada do PSDB – partido de Derosso. Prado também foi o presidente da CPI que investigou o presidente licenciado.

Regalias

Ao se tornar mandatário da Casa, o presidente recebe, além das responsabilidades do cargo, algumas regalias. Há vaga específica no estacionamento, elevador exclusivo para "autoridades" e o gabinete da presidência, localizado no quinto andar, um verdadeiro latifúndio se comparado ao espaço destinado para os demais vereadores. Curiosa­mente, embora o gabinete de Derosso esteja em outro andar, ele é visto com frequência na presidência. Picolo ainda reveza entre a presidência e o gabinete "tradicional".

Picolo afirma não usar o estacionamento específico para presidente porque considera sua vaga no subsolo melhor: "Não pega sol". Sobre o fato de não ter trocado a equipe nomeada por Derosso, também se explica. "Conheço todos. Como era para ficar 90 dias, achei melhor não mudar", diz. O presidente em exercício diz considerar naturais os comentários de que Derosso continua a exercer a presidência. "Foram 15 anos no poder. Serão necessárias pelo menos duas legislaturas para mudar", afirma.

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