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| Foto: MIGUEL SCHINCARIOL/AFP

Milhares de manifestantes se reúnem na Avenida Paulista na tarde deste domingo (4/12) em defesa da Operação Lava Jato e do pacote anticorrupção, desfigurado ao ser votado na Câmara durante a semana passada. Os manifestantes estenderam na avenida uma grande faixa verde e amarela com os dizeres “Congresso corrupto”.

Dois bonecos gigantes, um do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e outro do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), ambos vestidos de presidiários, foram inflados. A avenida voltou a ficar verde-amarela e uma vaia coletiva foi feita para Renan e para o presidente da Câmara, Rodrigo Maia.

“Cangaceiro”

O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), que virou réu na última quinta-feira no Supremo Tribunal Federal, é um dos principais alvos dos manifestantes. O aquecimento começou com gritos de “fora Renan”, puxado pelos integrantes do Vem pra Rua, e ganhou vozes na avenida: “Renan, cangaceiro, vergonha do Senado, topa tudo por dinheiro” e “Renan, safado, fora do Senado”.

Oliver José Rodrigues, de 71 anos, declarou “apoio irrestrito” ao juiz Sergio Moro, alvo de críticas à sua conduta na operação Lava-Jato. Para o aposentado, que participou de atos contra a presidente afastada Dilma Rousseff e o partido dela, o PT, “está tudo ruim” na política.

- Não temos ninguém que nos represente. Nem sei se seria bom afastar Temer (Michel Temer, presidente) agora. O essencial, neste momento, é cortar mordomias dos políticos no lugar de tirar o pão do povo. Por isso estou aqui: para pedir e melhorias na saúde e educação da população. É o básico - disse Oliver.

Viva Moro

A mulher de Oliver, a dona de casa Neusa Gambera, de 69 anos, quer maior investigação entre políticos citados na Lava-Jato. Para isso, observa ela, “a equipe do juiz Sergio Moro” precisa de liberdade para agir.

- Estou aqui para apoiar o juiz Moro e também contra a corrupção. É isso que as pessoas têm que fazer: sair na rua e reclamar, porque se ficarmos em casa, nada melhora - afirma ela, para completar:

- Já protestei contra Dilma e o PT, e agora quero tirar todos os corruptos. É preciso maior investigação, e acho que Moro está agindo como a Lei manda.

Não há ainda estimativa oficial de público na Avenida Paulista. Convocado para às 14 horas pelos grupos Vem pra Rua e Movimento Brasil Livre (MBL) — dois dos principais organizadores de protestos que pediram o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, o evento organizado pelo Facebook teve a confirmação de presença de 135 mil pessoas.

Depois do impeachment, Renan na mira

Em cima do carro de som, o líder do movimento Vem pra Rua, Rogério Chequer, abriu o ato pedindo a saída de Renan Calheiros da presidência do Senado.

— Isso é apenas um aperitivo do que faremos hoje. Seu método velho de fazer política acabou — disse Chequer.

Chequer disse que este ano servirá para mostrar aos políticos que, mesmo após o impeachment, o povo continuará nas ruas.

— Acabou o impeachment e o povo está na rua, não vamos sair — garantiu.

Um dos convidados a discursar, o jurista Modesto Carvalhosa cobrou uma posição pública do presidente Michel Temer sobre o projeto anticorrupcao.

- Esta semana o presidente tem que se pronunciar contra a legalização da corrupção. Se esse projeto passar no Senado, ele vai vetar? - disse o advogado, que se referiu a Renan como “delinquente mor”.

Um carro de som do grupo NasRuas, que também pediu a saída de Dilma Rousseff, dá volume ao ato. O carro de som e os bonecos ocupam todas as faixas da Avenida Paulista, que fica aberta para pedestres aos domingos, sem o trânsito de carros.

Pacote anticorrupção mutilado

Para os líderes do protesto, o pacote aprovado pelos deputados é um retrocesso. Das dez medidas sugeridas pelo Ministério Público Federal e que contaram com mais de 2 milhões de assinaturas de apoio, salvaram-se integralmente apenas duas. Os parlamentares ainda incluíram no projeto a tipificação do crime de abuso de autoridade para magistrados e integrantes do Ministério Público.

- Intactas mesmo ficaram apenas duas das 10 medidas anticorrupção propostas, a da transparência e a criminalização do caixa 2. Todas as demais foram mutiladas, algumas completamente, outras parcialmente. Não podemos mais admitir cangaço e coronelismo. Metralharam tudo, sobrou menos de 20% do teor original. A cena que vimos na quarta-feira, com o país de luto e dormindo, é de cangaço - explica o promotor Roberto Livianu, do Movimento Ministério Público Democrático.

O Vem pra Rua anunciou protestos em 232 cidades dos 26 estados e no Distrito Federal. No Rio, a manifestação ocorre em Copacabana. Os principais alvos dos manifestantes são os presidente da Câmara, deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL).

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