
Uma megaoperação nacional contra a corrupção conduzida pelo Grupo Nacional de Combate às Organizações Criminosas desarticulou ontem diversas quadrilhas que podem ter desviado juntas mais de R$ 1 bilhão em recursos públicos federais, estaduais e municipais. A ação policial, que foi sincronizada e ocorreu em 12 estados, foi um recado dos ministérios públicos em diversos estados contra a aprovação da proposta de emenda constitucional (PEC) que tramita no Congresso e restringe os poderes de investigação dos promotores deixando a função somente a cargo da polícia.
No Paraná, a operação Jolly Roger (nome da bandeira dos piratas) ocorreu em Apucarana, Londrina e Cambé e resultou na prisão de 23 pessoas um integrante da quadrilha está foragido. Foram cumpridos 46 mandados de busca e apreensão, sendo dois na cidade de São Paulo. A organização criminosa desmantelada pelo MP envolvia três policiais civis e uma rede de pelo menos dez empresários com atuação no ramo de confecção e venda de bonés e roupas falsificadas. Entre os detidos ontem estão os investigadores da 17.ª Subdivisão Policial de Apucarana Edson Antunes e Sebastião Vanderlei e o delegado-chefe, Valdir Abraão da Silva.
Depoimentos colhidos ontem pelos promotores apontam para o envolvimento direto do delegado. Um dos empresários presos confirmou que pagou propina diretamente para o delegado e que havia um sistema instalado de pagamento e recolhimento de propina. Em troca de dinheiro cerca de R$ 3 mil por mês os policiais faziam vista grossa e permitiam que os empresários confeccionassem e comercializassem produtos pirateados.
As roupas e os bonés eram feitos em Apucarana e vendidos em dois grandes centros de comércio de rua de São Paulo: a 25 de março e a região do Brás.
Fisco
Os três policiais são investigados por sonegação fiscal, lavagem de dinheiro e corrupção. Já os empresários são suspeitos dos crimes de lavagem de dinheiro e sonegação fiscal. Os policiais apreenderam na casa e nas empresas diversos veículos, cerca de R$ 2 milhões em cheques, pouco mais de R$ 50 mil em dinheiro além de muita roupa e boné. O desvio de recursos públicos feito por esta quadrilha que atuava no Paraná e em São Paulo ainda não foi calculado.



