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Sergio Moro tem sido questionado sobre a legalidade das interceptações telefônicas. | Hugo Harada/Gazeta do Povo
Sergio Moro tem sido questionado sobre a legalidade das interceptações telefônicas.| Foto: Hugo Harada/Gazeta do Povo

O juiz federal Sergio Moro, responsável pelos julgamentos das ações penais da Operação Lava Jato, afirmou que as gravações dos telefonemas entre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a presidente Dilma Rousseff (PT) são legais e respeitam a necessidade do interesse público.

Moro, que já havia defendido a legalidade das escutas em um despacho, afirmou ontem em palestra a auditores da Receita Federal, em Curitiba,que, assim como a quebra de sigilo fiscal de investigados, as escutas telefônicas são essenciais para as investigações.

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“Quebrar o sigilo fiscal também pode ser visto como uma intromissão à privacidade, mas ajudam a descobrir novos fatos. Por se tratar de um fato de interesse público, decidi pelo compartilhamento das gravações”, afirmou.

O magistrado também voltou a defender a utilização dos termos de colaboração dos investigados pela Operação Lava Jato – as delações premiadas. “As colaborações sempre vieram de provas contundentes e significativas. Quando percebiam que não havia como comprovar a origem lícita do dinheiro, decidiram colaborar com a Justiça.”

Críticas

Ao iniciar a palestra, Moro afirmou que tem recebido críticas por “falar demais” e que não comentaria os fatos dos últimos dias. “Existem processos encaminhados e não posso falar abertamente tudo o que penso ou fazer juízo de valor sobre a Operação”, disse. Moro também respondeu às críticas de faz o papel de um juiz investigador. “Existem críticas infundadas e dizem que tenho uma estratégia de investigação. As estratégias são, na verdade, do Ministério Público Federal e da Polícia Federal. Um juiz deve ser reativo e não ativo”, disse.

O magistrado ainda afirmou que está sendo criticado por dar muitas palestras, principalmente para empresários, que seria um dos focos da Operação Lava Jato. “Não adianta reclamar só dos agentes políticos, mas as vezes é preciso dar o recado óbvio ao empresariado de que não pague propina. Não precisa ser nenhum gênio para dar esta palestra”, afirmou. Moro falou ainda que as ações penais no âmbito da Operação Lava Jato tem um impacto limitado e que as instituições brasileiras devem ser fortalecidas para que a corrupção seja reduzida no país. “Falam muito que devemos varrer tudo isso debaixo do tapete e seguir com as nossas vidas. Mas, se fizermos isto os casos voltam e voltam com mais força”.

Futuro da Lava Jato

Questionado sobre o futuro da Operação Lava Jato, Moro afirmou que não sabe de que forma as investigações devem terminar, mas que observa o futuro com uma dose de esperança e outra de ceticismo.“As pessoas dizem que grande parte da crise econômica se instalou por causa da operação. Não acredito nisso, mas quem sabe é um período que tenhamos que passar”, comentou.

“Passamos por uma recessão brutal e grandes dificuldades neste momento, mas espero que possamos ver este momento como um dos melhores momentos da democracia brasileira, assim como foi o fim da ditadura militar e o crescimento econômico do país.”

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