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Luto

Morre Márcio Moreira Alves, o ex-deputado que foi o pivô do AI-5

Alves, no dia em que conclamou as moças a não namorarem militares | Arquivo AE
Alves, no dia em que conclamou as moças a não namorarem militares (Foto: Arquivo AE)

O ex-deputado federal Márcio Moreira Alves, pivô da decretação do Ato Institucional Nº 5 (AI-5) em 13 de dezembro de 1968, morreu ontem aos 72 anos, depois de cinco meses internado no Hospital Samaritano, no Rio de Janeiro, devido a um acidente vascular cerebral.

Moreira Alves foi um dos primeiros cassados pelo AI-5, o ato que suspendeu os direitos civis durante o regime militar e concedeu poder irrestrito aos militares, como o direito à censura a meios de comunicação e ao fechamento do Congresso Nacional. Antes disso, o deputado Moreira Alves era uma das estrelas da oposição durante etapa inicial do regime militar, mais branda.

Eleito em 1966 pelo MDB do Rio de Janeiro, quando era jornalista do jornal Correio da Manhã, destacou-se pela eloquência e combatividade na Câmara. Em 2 de setembro de 1968 proferiu o famoso discurso em que denunciou a repressão aos estudantes e sugeriu que as moças não namorassem militares.

O pronunciamento de Moreira Alves foi considerado pelos ministros militares como ofensivo "aos brios e à dignidade das forças armadas" e resultou num pedido de cassação do mandato de Moreira Alves pelo governo militar. Mas o pedido de cassação foi rejeitado pelo plenário da Câmara, o que foi considerado a gota d’água pelos militares para decretar o AI-5. Moreira Alves encabeçou a lista dos 11 deputados federais que tiveram o mandato cassado.

Com o agravamento do regime político, ele deixou o país ainda em dezembro de 1968 e foi para o Chile, onde ficou exilado até 1971, quando se estabeleceu na França. Depois, ainda viveu em Cuba e em Portugal. Retornou ao Brasil em 1979, beneficiado pela Lei da Anistia.

Em 1982, Moreira Alves se filiou ao PMDB e disputou novamente uma vaga na Câmara dos Deputados, mas não foi eleito. Tentou novamente a cadeira de deputado federal, sem sucesso, em 1986. Na década de 80, chegou a ocupar cargos administrativos no Banespa e no governo de São Paulo.

Em 1990, montou uma empresa de assessoria com o cientista político Sérgio Abranches, na qual ficou até 1993. No início dos anos 90, já desfiliado do PMDB, voltou à imprensa, colaborando como colunista nos jornais O Globo e O Estado de S. Paulo. Mas estava afastado da imprensa havia alguns anos, devido a problemas de saúde. Casado com a francesa Marie Breux Moreira Alves, Márcio deixa três filhos.

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