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Executivo

MP aciona responsáveis pelos Jogos da Natureza

Competições foram realizadas em 1997 na região Oeste do estado

Após dez anos da realização dos Jogos Mundiais da Natureza, com obras que custaram US$ 80 milhões ao estado, o Ministério Público do Paraná (MP) ajuizou nesta semana a primeira ação civil pública apontando irregularidades no evento esportivo, de 1997. Na ação, o MP indica desvios na construção da base náutica de Santa Helena, na Região Oeste do estado, e pede a devolução de cerca de R$ 545 mil aos cofres públicos.

Outros nove procedimentos estão em andamento. A competição, promovida na gestão Jaime Lerner (1995–2002), deveria se repetir a cada quatro anos, mas não passou da primeira edição.

De acordo com a ação, a Secretaria Estadual de Esporte e Turismo autorizou, sem licitação, a liberação de R$ 544.560,04 para estruturas não previstas no edital original, em abril de 1997. "Foi autorizada a execução dos serviços sem nova licitação. A Lei de Licitação possibilita acréscimo de até 25% do contrato original e, nesse caso, o acréscimo foi de 61%", diz o promotor da Promotoria de Justiça de Proteção ao Patrimônio Público de Curitiba, Wilde Soares Pugliese.

Foram citados na ação a empresa Tucumann Engenharia e Empreendimentos Ltda. e outros três dirigentes da antiga Secretaria Estadual de Esporte e Turismo. O proprietário da Tucumann, José Maria Ribas Müller, responsável pela construção, não foi localizado pela reportagem. Hoje, a base náutica de Santa Helena, há 20 quilômetros do centro da cidade, não está sendo aproveitada, segundo o vice-prefeito José Altair Schimelfenig. Ele alega que a prefeitura tem interesse na estrutura e na área de cerca de 100 hectares para eventos esportivos e eventos escolares.

"Os Jogos contaram com 700 atletas e a população não viu o evento. Aconteceu e nunca mais fizeram nada", diz o atual diretor-presidente da Paraná Esporte, Ricardo Gomyde, sobre a possibilidade existente na época da região sediar outras competições importantes. "Todo equipamento utilizado pelos atletas, como barracas, arco e flecha, fornecido pelo estado, doamos para a Polícia Militar", disse.

Segundo o MP, nove procedimentos, relativos à construção de outras cinco bases náuticas na margem paranaense do lago de Itaipu, ao Canal da Barragem e à desapropriação de áreas não utilizadas, estão em análise.

As investigações tiveram início em 2003, através de uma CPI na Assembléia Legislativa, que teve seis meses de duração. Para o deputado Dobrandino da Silva (PMDB), presidente da CPI, foram muitas as irregularidades encontradas. "O gasto foi muito grande, de US$ 80 milhões. Todos os gastos foram para seis obras de bases náuticas e para o Canal da Barragem. O resto foi em publicidade", diz.

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