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Congresso

“MP do Bem” vai custar R$ 1,8 bi à União

Senadores aprovaram a reestruturação de 25 carreiras da administração pública. Lula deve vetar emendas incluídas na medida provisória

Votação simbólica: em apenas dezminutos, os senadores aprovaram o reenquadramento de 25 carreiras | Geraldo Magela/Ag. Senado
Votação simbólica: em apenas dezminutos, os senadores aprovaram o reenquadramento de 25 carreiras (Foto: Geraldo Magela/Ag. Senado)

Brasília - A exemplo do que já havia feito a Câmara Federal, o Senado aprovou ontem, por votação simbólica em menos de dez minutos, a Medida Provisória 479 que reestrutura 25 carreiras da administração pública. Se já não bastassem as 18 emen­­­das incluídas pelos deputados no texto, com impacto de quase R$ 2 bilhões nos cofres públicos, os senadores lamentaram não po­­derem ampliar a lista dos beneficiários da chamada "MP do Bem", de olho nos dividendos políticos que a matéria poderá trazer a quatro meses das eleições.

A inclusão de outras categorias no texto só não foi levada adiante porque se a MP não fosse aprovada ontem pelo Senado em modificação, sua validade se expiraria e o texto cairia. O líder do DEM, senado José Agripino (RN), lamentou que a Casa não tenha tido tempo de discutir melhor o tema e fazer as mudanças que considerasse necessárias.

A intenção do líder do DEM era encontrar uma solução definitiva para o casos dos analistas da Previdência Social, já que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva deverá vetar emenda apresentada pela Câmara que garantiria à categoria o ingresso na carreira de auditor da Receita Federal. Só essa proposta, se mantida por Lula, provocará um aumento de gastos da ordem de R$ 1,8 bilhão ao ano.

"Gostaria de fazer um apelo ao governo para que olhe essa categoria e a contemple de forma adequada em uma outra MP", sugeriu Agripino.

O senador Augusto Botelho (PT-RR) aproveitou a oportunidade para destacar que os funcionários do Incra também haviam ficado de fora da MP. "Peço que esses servidores do Incra também sejam contemplados da próxima vez", emendou o petista.

Painel

Apesar de a votação ter sido simbólica, sem abertura do painel para votação individual, o senador Alvaro Dias (PR), vice-líder do PSDB, pediu que o voto dele fosse registrado como contra.

O senador tucano alertou para o fato de a relatora, deputada Gorete Pereira (PR-CE), ter acatado 45 emendas integralmente e 18 parcialmente, transformando cargos, estendendo gratificações, aumentando salários e incorporando carreiras.

O líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), esquivou-se dos pedidos dos colegas com o argumento de que se alterasse o texto da MP, ela teria de voltar para a Câmara e perderia sua validade, prejudicando as categorias já contempladas. No fim da votação, confirmou que o presidente Lula deverá mesmo vetar, assim como já fez em outra ocasião, a autorização para que os analistas da Previdência ingressem na carreira de auditores da Receita Federal.

A categoria será incluída, em vez disto, no quadro do Ministério da Fazenda. Por causa de um erro ocorrido na votação da Câmara dos Deputados, ambas as possibilidades – de inclusão no quadro de funcionários da Receita ou no quadro do Ministério da Fazenda – foram aprovadas no texto. Para corrigir o erro, é preciso apenas que o presidente vete a primeira possibilidade.

"Mas deverá ser mantido no texto a possibilidade desses analistas optarem pela carreira do Ministério da Fazenda", explicou Jucá.

De qualquer forma, mesmo com o veto do custo adicional de R$ 1,8 bilhão, o impacto da MP nos cofres públicos será de R$ 35 milhões/ano, R$ 5 milhões a mais do que o governo pretendia gastar. Isso porque a Câmara garantiu a redução da jornada de trabalho ininterrupta dos médicos peritos. Hoje a jornada é de 40 horas e passará a ser de 30 horas a partir de janeiro de 2011. Também foi incluído no texto uma emenda que permite que professores de ex-territórios sejam absorvidos no quadro de instituições técnicas federais. Jucá, senador por Ro­­raima, comemorou, no Twitter: "A MP 479 que acabamos de aprovar incorpora os professores dos extintos territórios ao corpo docente do Ministério da Educação."

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