Encontre matérias e conteúdos da Gazeta do Povo
operação publicano

MP pede que delator seja ouvido de novo sobre suposto envolvimento de Requião

Depoimento concedido ao Gaeco foi considerado insuficiente para procurador decidir se dá ou não prosseguimento ao caso

Senador Roberto Requião foi acusado por Luiz Antônio de Souza de irregularidades na Receita Estadual. | Aniele Nascimento/Gazeta do Povo
Senador Roberto Requião foi acusado por Luiz Antônio de Souza de irregularidades na Receita Estadual. (Foto: Aniele Nascimento/Gazeta do Povo)

A Procuradoria-geral do Ministério Público do Paraná pediu para que o principal delator da Operação Publicano, o ex-auditor fiscal Luiz Antônio de Souza, seja ouvido novamente sobre suposto envolvimento com a corrupção no fisco estadual do ex-governador, senador Roberto Requião e do ex-secretário da Fazenda do Paraná Heron Arzua.

Desta vez, o órgão responsável por colher o depoimento dele será a Promotoria de Proteção ao Patrimônio Público. O pedido foi recebido ainda no dia 30 de junho deste ano. Segundo o MP, a procuradoria considerou o conteúdo encaminhado pelo núcleo londrinense do Grupo de Atuação Especial e Combate ao Crime Organizado (Gaeco) insuficiente.

Por isso, de acordo com o MP, a gravação do primeiro depoimento de Souza foi enviada para promotoria com o pedido de “melhor apuração dos fatos noticiados”. Assim que a promotoria terminar sua apuração, a procuradoria decidirá se dá prosseguimento ao caso.

Por ser senador, Requião tem foro privilegiado no Supremo Tribunal Federal (STF) e o caso precisaria ser encaminhado à Procuradoria Geral da República para seguir adiante.

O MP entendeu que, como as informações de Souza têm referências em supostos fatos ocorridos no âmbito da Secretaria de Estado da Fazenda do Paraná, cabe à Promotoria de Proteção ao Patrimônio Público afinar o que foi colhido em Londrina antes do parecer do procurador-geral.

O caso

O Gaeco encaminhou há mais de duas semanas para a Procuradoria Geral de Justiça (PGJ), comando do Ministério Público Estadual (MP), trecho de um depoimento prestado auditor atribuindo ao ex-governador e hoje senador Roberto Requião (PMDB) envolvimento em irregularidades na Receita Estadual.

O depoimento foi prestado entre maio e junho do ano passado, mas, segundo o Gaeco de Londrina, só o foi encaminhado à procuradoria por conta da grande quantidade de informações apuradas até aqui nas investigações. O depoimento também cita o ex-secretário da Fazenda do Paraná, Heron Arzua.

No depoimento, Souza afirma que quem “quisesse resolver problema na Receita tinha que falar com o Heron Arzua”, que foi secretário da Fazenda no governo Requião, entre 2003 e 2010.

“O escritório [de advocacia] dele que resolvia sobre qualquer coisa. Ele tinha um escritório, filho, filha ou parente dele”, declarou o auditor, que, na época, acabara de firmar um acordo de delação premiada para colaborar com as investigações do Gaeco, em troca de benefícios como a redução da pena.

Segundo ele, Arzua e Requião seriam sócios nesse escritório. A suposta solução dos problemas na Receita indicada por Souza aconteceria no Conselho de Contribuintes e Recursos Fiscais e não na fiscalização, conforme teria ocorrido nos últimos anos.

Requião e Arzua protocolam queixa-crime contra delator

O advogado de Requião, Luiz Fernando Delazari, afirmou que protocolou em nome do senador e de Harzua uma queixa-crime contra o delator na Justiça de Curitiba. É uma proposta de ação penal por calúnia contra o delator. Sobre o depoimento, Delazari afirmou que Souza é um “fanfarrão que quer cuspir fogo”.

“Não tenho dúvida que [o depoimento concedido em Londrina ao Gaeco] é insuficiente, não traz provas, não traz nome de empresa, valor, nada. É um fanfarrão que quer cuspir em fogo”, afirmou. Segundo ele, o Gaeco sequer deu importância ao caso quando a delação aconteceu por considerar o conteúdo insignificante.

Arzua também já havia se manifestado anteriormente ressaltando que seu escritório nunca moveu uma única ação contra o estado e que a maioria dos votos de sua filha no Conselho de Contribuintes e Recursos Fiscais favoreceu o Paraná. “Minha filha fazia parte do conselho. Ela era representante da Federação da Agricultura. Era uma entre 12 [conselheiros]. A maioria dos votos dela era a favor do estado. Não poderia favorecer alguém. Eu nunca pedi interferência”, declarou há alguns dias.

O advogado do delator, Eduardo Duarte Ferreira, afirmou que seu cliente não tem nada contra o senador ou qualquer outra pessoa, mas que relatou fatos. “O Luiz Antônio vai ratificar integralmente tudo o que disse (na Promotoria do Patrimônio Público) e deve acrescentar novos fatos. A corrupção na Receita não começou nem terminou no governo Requião e em governo algum”, disse.

Principais Manchetes

Receba nossas notícias NO CELULAR

WhatsappTelegram

WHATSAPP: As regras de privacidade dos grupos são definidas pelo WhatsApp. Ao entrar, seu número pode ser visto por outros integrantes do grupo.