Mulher de diretor chefia órgão de controle da estatal

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A posse de Rafael Iatauro como diretor de Finanças da Copel criou um problema para a fiscalização feita pelo Tribunal de Contas do Paraná (TC). Isso porque a inspetoria responsável pelo acompanhamento das contas da Copel é chefiada justamente pela esposa de Iatauro, Tatianna Cruz Bove Iatauro.

De acordo com o presidente do tribunal, conselheiro Hermas Brandão, a situação não tem nenhum impedimento jurídico. Por isso a servidora, que é funcionária de carreira do tribunal, não será afastada de sua funções na 5.ª Inspetoria. "Só tomamos o cuidado de não permitir que ela faça as inspeções na Copel. Não faria sentido a própria mulher fiscalizar o marido", diz Hermas. "As inspetorias têm vários funcionários e é possível que outras pessoas assumam essa função sem qualquer problema", afirma.

As inspetorias são os órgãos do TC responsáveis por fazer o trabalho de acompanhamento periódico dos trabalhos das instituições públicas. O trabalho é dividido entre seis inspetorias e cada uma fica subordinada a um conselheiro. A 5.ª Inspe­­toria, por exemplo, onde trabalha Tatiana Iatauro, é subordinada a Caio Soares e fica responsável pela fiscalização de Copel, Secretarias da Educação e de Obras, Compagas, Usina Termelétrica de Araucária, Ipardes e ParanáEducação.

"Quando o Iatauro foi para a Copel, em abril, chegou a ser feita uma consulta. Não havia impedimento jurídico. Era uma questão de decisão pessoal. E eles acharam que não teria problema", diz um servidor de alto escalão do TC, que pediu para não ter seu nome divulgado.

Situação semelhante já ocor­­­reu quando Iatauro foi chefe da Casa Civil no governo de Roberto Requião (PMDB). Sua esposa continuou comandando inspeções ao governo do estado. "Mas também naquela época tivemos o cuidado de impedir que ela inspecionasse a secretaria onde o marido trabalhava", diz Hermas Brandão.

A reportagem tentou entrar em contato com Iatau­ro. No entanto, ele está em Boston (EUA) e não atendeu aos telefonemas. Tatianna Ia­­­tauro afirmou à reportagem que não iria co­­mentar o assunto.