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Dinheiro governamental

Na contramão da maioria dos estados, Paraná freia obras

Estudo revela que, de 2000 a 2010, investimento do governo paranaense em relação ao PIB regional caiu. Tendência não mudou no ano passado

Obra da Usina Hidrelétrica de Mauá: em dez anos, Paraná teve queda de 18% na proporção do PIB investido | Henry Milléo/ Gazeta do Povo
Obra da Usina Hidrelétrica de Mauá: em dez anos, Paraná teve queda de 18% na proporção do PIB investido (Foto: Henry Milléo/ Gazeta do Povo)

O Paraná foi um dos nove estados brasileiros que diminuíram seus investimentos públicos de 2000 a 2010 em relação ao seu Produto Interno Bruto (PIB). E o primeiro semestre de 2011, início da gestão do governador Beto Richa (PSDB), não indica reversão do quadro. A conclusão é de um estudo do Departamento In­­tersindical de Estatística e Estu­­dos Socioeconômicos (Dieese), rea­­lizado em parceria com o Sin­­dicato dos Engenheiros do Para­­ná (Senge-PR).

O levantamento mostra ainda que o Paraná ocupa a última colocação entre todos os estados do Brasil em termos de investimentos em comparação com o PIB – veja infográfico. Em 2000, foram 0,76% do PIB estadual gastos em obras e na compra de bens e equipamentos. Dez anos de­­pois, o índice caiu para 0,62%.

Pior: o Paraná, que chegou a pro­­mover 6,5% do total de investimentos públicos feitos pelos estados em 2003, ficou com apenas 1,2% do bolo nacional no pri­­meiro semestre de 2011 – índice irrisório para um estado com a 5.ª maior economia do país.

O Dieese, porém, faz uma ressalva no estudo. Estados com menos infraestrutura tendem a ter índices mais elevados de investimentos em obras. Ainda assim, os índices do Paraná fi­­cam atrás dos de unidades da fe­­deração tão ou mais desenvolvidas, como São Paulo, Rio de Ja­­neiro, Rio Grande do Sul e Santa Catarina.

Planejamento

O economista do Dieese Fabiano Camargo Silva explica que o problema está na falta de planejamento dos governos paranaenses, independentemente do partido. "Os investimentos estão relegados a um segundo plano porque não há política nesse sentido’, diz ele. "Poderia se falar do período de 2003 a 2010 [gestão do ex-governador Roberto Re­­quião]. Mas o início de 2011 se­­gue o padrão", afirma.

Silva diz que há uma tendência de os investimentos serem cortados, pois são secundários no orçamento. "Normal­mente, existe preocupação com os recursos obrigatórios de saúde, educação e recursos hu­­manos. Se sobrar, investe-se", afirma ele.

O presidente do Senge-PR, Ulisses Kaniak, diz que os recursos escassos para o setor se refletem na falta de melhorias para a população. "Saúde, educação e transporte são necessidades básicas para a sociedade, que so­­frem com a falta de investimentos", afir­­ma Kaniak. Na avaliação de­­le, há necessidade de mais ações efetivas e de a administração es­­tadual ouvir mais as sugestões da sociedade civil, especialmente das entidades de classe. "Quando um governo assume, fala de he­­rança maldita. Quem assume em seguida acaba fazendo a mesma coisa e não muda o panorama", diz.

Mais do que não oferecer me­­lhores condições de vida à população, a falta de melhoria da in­­fraestrutura inibe o investimento da iniciativa privada – o que naturalmente gera mais empregos. "Não há segurança para in­­vestir em razão da falta de me­­lhorias", explica Luiz Claudio Mehl, consultor do Conselho Con­­sultivo do Instituto de Enge­­nharia do Paraná (IEP).

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