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Na prisão há três meses, José Dirceu prepara a própria defesa na Lava Jato

Preso desde agosto, ex-ministro da Casa Civil e seu advogado acreditam que ele não escapará de uma condenação

Segundo investigações, Dirceu teria recebido R$ 11 milhões em propinas com falsas prestações de consultoria. | Handout/Reuters
Segundo investigações, Dirceu teria recebido R$ 11 milhões em propinas com falsas prestações de consultoria. (Foto: Handout/Reuters)

Às vésperas de completar três meses de prisão acusado de compor o esquema investigado pela Operação Lava Jato, o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu divide uma cela no Complexo Médico Penal, na Região Metropolitana de Curitiba, com o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto e com o ex-deputado federal e ex-petista André Vargas, também réus no mesmo caso. Embora mantenha boas relações com ambos, Dirceu dedica pouco tempo aos colegas de cela e passa os dias estudando o teor dos processos nos quais responde por organização criminosa, corrupção passiva qualificada e lavagem de dinheiro.

Segundo a investigação, Dirceu, que foi preso em 3 de agosto, teria sido beneficiado pelo esquema de desvio de dinheiro público operado na Diretoria de Serviços da Petrobras. Graças ao esquema, o ex-ministro teria recebido mais de R$ 11 milhões em propinas disfarçadas de pagamento por falsas prestações de consultoria, além de ter despesas pessoais, como um jato particular e a reforma de sua casa pagas pelo esquema.

Como já fizera no processo do mensalão, Dirceu trabalha ao lado do advogado Roberto Podval na formulação de sua defesa. Formado em Direito, o ex-ministro teve seu registro na Ordem dos Advogados do Brasil cassado pouco depois da prisão.

Ele se queixa de não ter acesso às integras dos depoimentos de delação premiada de outros réus que o incriminaram, como o operador Milton Pascowitch, e diz que será improvável que não acabe condenado. A expectativa da defesa é que a sentença saia entre o fim deste ano e o começo do próximo, e que, depois disso, Dirceu possa recorrer em liberdade.

Quando não está dedicado aos processos, o ex-ministro costuma ler livros, especialmente biografias. Repete o comportamento que já mantivera ao longo dos dez meses em que cumpriu pena pelo mensalão, em regime fechado, na Penitenciária da Papuda (DF), quando chegou a ler 64 livros.

Desde que chegou ao Complexo Penal, no Paraná, Dirceu caminha diariamente pelo pátio e toma banho de sol com outros presos. Nunca foi alvo de hostilidade. Recebe visitas semanais do filho Zeca, que é deputado federal, da mulher, do advogado Podval e de um médico, que afere sua pressão arterial, controlada com ajuda de medicação.

A filha mais nova de Dirceu, de 4 anos, a quem ele é muito ligado, não o visitou por pedido do próprio pai. Visitas de amigos e colegas de partido não são autorizadas pela Justiça.

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