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 | Roberto Stuckert Filho
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| Foto: Roberto Stuckert Filho /PR

Sob orientação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a presidente Dilma Rousseff reuniu nesta quinta-feira (14) parlamentares da base aliada em uma tentativa de reverter o clima de pessimismo com a votação do impeachment no plenário da Câmara dos Deputados.

Em café da manhã no Palácio do Alvorada, a petista agradeceu o apoio na comissão especial do impeachment e repetiu que o governo conseguirá margem suficiente para barrar o pedido de afastamento no domingo (17).

O objetivo do encontro, nas palavras de um assessor presidencial, foi “animar a tropa governista”, criar “uma maré positiva” e evitar a desmobilização para a votação no plenário, ainda que o Planalto trabalhe com uma situação crítica.

Em conversas reservadas nos últimos dias, Lula assume que o cenário é muito difícil, mas que é necessário passar a sensação de que ainda é possível. Para ele, é preciso tentar dar um “sprint final de confiança” para evitar um efeito manada a favor do impeachment no dia da votação.

“Ela está confiante, firme, fez um discurso forte e foi bastante aplaudida”, disse na saída do encontro o líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE).

Com o revés do PP e do PSD, o governo reconhece dificuldades para uma vitória no domingo. Se ela ocorrer, na avaliação de ministros e assessores, será apertada e dificultará a retomada da governabilidade na nova fase da gestão petista.

Para um auxiliar presidencial, só haverá vitória se o governo gerar algum fato positivo ou demonstração de força até sexta (16) que reverta a tendência de debandada, como uma iniciativa de impacto na área econômica. O Planalto, no entanto, ainda não conta com nenhuma carta na manga.

Pelas contas do Planalto, contabilizando 18 votos do PMDB e 18 votos do PR, o governo contaria com cerca de 180 votos, bem próximo ao limite para barrar o processo de impeachment. Nos dois partidos, no entanto, os números são avaliados como “irreais”.

O líder do PT na Câmara, Afonso Florence (BA), reconheceu que o governo tem “quase” os votos necessários para barrar o afastamento de Dilma. Florence, que concedeu entrevista após um café da manhã de vinte minutos com outros aliados no Palácio do Alvorada, foi o primeiro porta-voz do governo a admitir publicamente que o governo ainda não tem o mínimo de 172 votos.

Nesta quarta-feira, auxiliares da presidente já reconheciam reservadamente poder contar seguramente com cerca de 12 votos a menos do que o necessário para derrubar o impedimento da presidente no plenário da Câmara. “Hoje, eles (os pró-impeachment) não têm 342 votos. O governo tem quase os 172. Mas ausências e abstenções caracterizarão na prática os ‘não 342’”, afirmou.

A presidente recebeu ministros e deputados em um rápido café da manhã no Palácio da Alvorada, que durou cerca de vinte minutos. Estavam os ministros Jaques Wagner (Gabinete Pessoal), Celso Pansera (Ciência e Tecnologia), Mauro Lopes (Aviação Civil), Marcelo Castro (Saúde), Antônio Carlos Rodrigues (Transportes) e Ricardo Berzoini (Secretaria de Governo).

Compareceram os deputados: Afonso Florence, Silvio Costa (PT do B-PE), José Guimarães, Henrique Fontana (PT-RS), Jandira Feghali (PC do B-RJ), Daniel Almeida (PC do B-BA) e José Rocha (PR-BA).

Ânimo na militância

Em uma última tentativa de salvar o governo, a presidente decidiu aumentar o corpo a corpo com parlamentares da base aliada até o domingo. Para aliados da petista, contudo, é tarde demais para a iniciativa.

A presidente planeja ir ao acampamento dos movimentos contra o impeachment, em Brasília, neste sábado, para reforçar a mobilização da militância. Uma equipe do Palácio do Planalto discute, com a organização do acampamento, os detalhes da ida da presidente Dilma Rousseff ao local, que deve ocorrer na parte da manhã.

Os acampados – do Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra (MST), da Central Única dos Trabalhadores (CUT), da União Nacional dos Estudantes (UNE), do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), entre outros grupos – já somam cerca de 3 mil pessoas, segundo Antônio Pereira, da coordenação nacional do MST. Ele diz esperar 50 mil pessoas no sábado, acampadas, para receber Dilma.

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