
Na semana decisiva para a votação final do impeachment pelo plenário da Câmara, governo e oposição lançam suas últimas cartadas para manter ou tirar a presidente Dilma Rousseff (PT) do poder. Dentro do Congresso, os dois lados barganham os valiosos deputados indecisos, usando dos mesmos artifícios que custaram a reputação do governo em protestos recentes. Do lado de fora, buscam canalizar manifestações populares para pressionar os deputados.
Nos bastidores, o governo tenta convencer deputados indecisos com cargos no Executivo federal. Até a próxima terça-feira (12), filiados ao PMDB devem deixar seus cargos no governo, abrindo espaço para que deputados de outras legendas nomeiem seus aliados. Os alvos preferenciais do governo são o PR, o PSD, já no governo e com possibilidade de ganhar espaço, e o pequeno PTN, que cresceu de quatro para 13 deputados. O PP já sinalizou que vai ficar com o governo na última quarta-feira (6).
Por outro lado, a mesma arma pode ser usada pelo grupo político do vice-presidente Michel Temer (PMDB), oferecendo espaço em um governo futuro. Nos dois casos, porém, trata-se de uma aposta arriscada, dependendo dos rumos do processo. Deputados avaliam que a posição do Senado deve ser o fiel da balança.
Nas ruas
Além disso, movimentos contrários à presidente, com ou sem ligação partidária, devem ir às ruas reivindicar o impeachment. Movimentos sociais e militantes do PT também devem se manifestar, nesse caso, contra a saída de Dilma.
A votação deve começar na sexta-feira (15), mas a conclusão deve ocorrer somente no domingo (17). Isso gera preocupação com eventuais confrontos entre manifestantes. Governador do Distrito Federal, Rodrigo Rollemberg (PSB), que se opõe a Dilma, chegou a solicitar que não fossem realizadas sessões no fim de semana.
Além dos protestos, manifestantes pró-impeachment devem pressionar deputados indecisos ou contrários para que votem a favor do processo. O movimento Vem Pra Rua chegou a fazer uma página na internet com um placar do processo – no qual é possível encontrar contatos e informações dos deputados.
Durante manifestação no Paraná, lideranças do movimento chegaram a fornecer o número do celular do deputado Aliel Machado (Rede-PR), que recebeu uma onda de mensagens por Whatsapp após ter se declarado contrário ao processo de impeachment.



