O programa de televisão do PT que foi ao ar ontem à noite em todo o país confirmou a estratégia do partido de tentar desqualificar o governo anterior do PSDB e colar a imagem da ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, com a do presidente Lula (PT) que atingiu 83% de popularidade segundo a última pesquisa CNI/Ibope. A pré-candidata foi apresentada por Lula como a principal coordenadora das políticas de governo, tais como o Programa Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), o programa Minha Casa, Minha Vida e o pré-sal. Em contrapartida, o PSDB foi rotulado como partido dos ricos, das privatizações, do aumento de impostos e da discriminação ao Nordeste.
No programa de 10 minutos, a petista apareceu reunida com outros ministros como a chefe da equipe. O publicitário João Santana, autor da peça publicitária, procurou traçar o perfil de uma mulher decidida e conhecedora do governo.
A imagem que o PT tentou passar é de uma mulher competente, que aprendeu a administrar com Lula e pode continuar governando sozinha. "Mulher faz tudo com muito amor, dedicação e competência", disse o presidente, ao destacar que tem uma grande equipe encabeçada por Dilma Rousseff.
Ao retribuir os elogios feitos pelo presidente, a ministra disse que o Brasil tem o desafio de crescer rápido e ser a quinta economia mundial, com as áreas de saúde e educação entre as primeiras do mundo. O tom da fala de Dilma foi quase um pedido de voto. "Nós já aprendemos o caminho. Presidente, eu penso igual ao senhor, a gente fez muito e precisamos fazer mais."
As críticas aos oito anos de governo do tucano Fernando Henrique Cardoso (1995-2002), permearam todo o programa. O governo do PSDB foi criticado porque teria privilegiado só os endinheirados, separando "o que era coisa de pobre e rico", priorizando as privatizações e abandonado a Região Nordeste, principal base eleitoral de Lula. Os ataques e comparações entre a atual gestão e a anterior não foram feitas por Lula nem por Dilma, mas sim por locutores ou apresentadores.
Comparativamente, o governo petista foi apresentado como o que salvou a economia, distribuiu renda, aumentou os níveis de emprego e reduziu os preços dos carros e eletrodomésticos. Tudo marcado com depoimentos de pessoas simples que teriam aumentado o poder de compra nos últimos oito anos. "É um presidente que olhou para a pobreza", disse o apresentador do programa.
Estratégias corretas
Para o cientista político Ricardo Oliveira, professor da UFPR, o programa de televisão deixou claro que a linha política do PT é procurar conectar a alta popularidade de Lula à ministra candidata.
O governo e o PT, segundo ele, vão insistir em mostrar os resultados da gestão Lula na economia, com projeção de crescimento acima de 5% para 2010. Também devem ser destacadas a política social e o projeto nacional ligado a grandes obras e ao petróleo do pré-sal. "Essa é a linha que o PT está usando para tentar convencer o eleitorado, já que os índices (de intenção de voto) da ministra estão crescendo, mas aquém do que o PT imagina atingir", disse Ricardo Oliveira.
Com a popularidade crescente de Lula, a estratégia do PSDB é não atacar o presidente. Para o cientista político, a oposição vai esperar o ano que vem para um debate direto com Dilma. "Se tentarem atacar já o Lula, saem perdendo devido à alta popularidade dele. É estratégia adequada não fazer oposição neste ano, ignorar o presidente e esperar confronto direto com a Dilma", avalia Oliveira.



