• Carregando...

Um dia após a aprovação no Senado da liberdade na internet durante as eleições, o presidente da Casa, José Sarney (PMDB-AP) falou ao G1 e defendeu a decisão. Nesta quarta-feira (16), ele disse que "vai ser um retrocesso" se o texto aprovado pelos senadores, que dá mais liberdade à internet nas eleições, for modificado na Câmara, que impôs as restrições e para onde volta agora o projeto. O texto original dos deputados enquadrava a web a regras de rádio e TV. Desta forma, não seria permitida a emissão de opinião e todos teriam que dar o mesmo espaço para todos os candidatos.

Sarney sustenta a decisão do Senado. "Porque o projeto aprovado é realista. Não há meios de controlar a internet. Ela (a Câmara) vai aprovar uma coisa que não vai funcionar. Porque não há quem controle a internet," disse o presidente do Senado.

Mídia

Sarney também falou sobre o discurso feito na tribuna do Senado na terça-feira (15), no qual disse que a mídia havia passado a ser "inimiga das instituições representativas". O presidente do Senado disse que "fez um discurso teórico", e garantiu que em nenhum momento quis criticar a imprensa.

"Não critiquei a imprensa. Isso não estava em causa. O que eu disse, é que isso (o avanço tecnológico) faz com que haja uma contradição entre o que é a representatividade de um congresso eleito e de uma opinião pública formada. Não fiz crítica a ninguém. Ninguém mais do que eu pode falar de liberdade de imprensa," garantiu.

Em seu discurso realizado durante a sessão especial em comemoração ao Dia Internacional da Democracia, Sarney argumenta que tentou apresentar uma discussão realizada "em todo o mundo" sobre os rumos da democracia: "Hoje, há um debate grande que avalia se esse modelo da democracia representativa chegou à exaustão. Porque surgiu um novo interlocutor da sociedade democrática que é a opinião pública."

Ao colocar a mídia como inimiga das instituições, Sarney sustenta que tentou estabelecer uma analogia sobre os avanços dos meios de comunicação e o modelo político que, na sua avaliação "está sendo superado".

"Esse avanço tecnológico (dos meios de comunicação) faz com que ocorra o fenômeno do envelhecimento dos Congressos. Porque, com o tempo, eles vão perdendo a legitimidade da sua eleição. Enquanto isso, a mídia de internet informa a população em tempo real. A população toma o conhecimento e forma a sua opinião pública. E a pergunta que se faz é quem representa realmente o povo? Se é a opinião pública expressa pela mídia, em tempo real, ou se são os representantes do povo eleitos por um período muito mais largo?", analisa Sarney.

Crise

Com a retomada das votações de temas importantes como a reforma eleitoral, o peemedebista também avalia que o "Senado está voltando à normalidade", depois de um longo e conturbado período de crise. Sarney, no entanto, evita comentar o seu possível fortalecimento com o fim das pressões por sua saída do comando da Casa. "Não coloco nada de pessoal, nem fortalecido, nem enfraquecido, porque entrei aqui (na presidência do Senado) sem querer. Fui levado. Mas ser presidente não me acrescenta nada, só me acrescenta preocupações", afirmou.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]