
O candidato ao governo do Paraná Osmar Dias (PDT) respondeu ontem em Maringá, no Noroeste do Estado, às insinuações feitas no dia anterior por José Serra, candidato do PSDB à Presidência. O tucano disse, em visita a Curitiba, que haveria revelações a serem feitas sobre o fracasso da aliança entre PSDB e PDT no estado."Não há nada para ser revelado", disse Osmar. O senador afirmou desconhecer o sentido da declaração do tucano. "Eu não sei o que o José Serra quer dizer com isso. Se ele tiver alguma coisa para falar, que o faça."Osmar afirmou que "sempre foi muito claro" nas negociações com o PSDB e que o acordo, que esteve próximo de se concretizar e previa a candidatura dele à reeleição ao Senado, era inviável. "Meu partido está na base de apoio do governo Lula e proibia essa aliança", argumentou.
Sobre as tratativas que foram feitas para viabilizar o acordo, Osmar falou que não pode "ser condenado por conversar". "Todos os partidos conversaram com todos os partidos."
A aliança previa que Osmar disputasse o Senado alinhando-se à chapa de Beto Richa, candidato do PSDB ao governo estadual. Com isso, a petista Dilma Rousseff, rival de José Serra na corrida ao Planalto, ficaria sem um palanque forte no estado.
O acordo também avalizaria a indicação do senador Alvaro Dias (PSDB), irmão de Osmar, ao posto de vice-presidente na chapa de Serra. Como a aliança fracassou, Osmar lançou candidatura própria ao governo do Paraná,. Já Alvaro foi preterido na chapa de Serra, que escolheu o deputado federal Índio da Costa (DEM) para o cargo de vice.
Ausência de Requião
Osmar Dias tentou minimizar a ausência do ex-governador Roberto Requião (PMDB), candidato ao Senado em sua chapa, da comitiva que o acompanham no giro pelo interior neste início de campanha.
O senador justificou a ausência do ex-governador alegando que se trata de um problema de agenda. "O Requião tem uma agenda própria". Ele reafirmou que não há nenhuma rusga entre os dois, que em 2006 disputaram o governo estadual, em uma campanha marcada por troca de agressões verbais.
Osmar tentou ainda aproximar sua trajetória política à de Requião para justificar a aliança firmada entre eles. "Nós percorremos muitos caminhos juntos até disputarmos as eleições em 2006, na qual o projeto dele foi vencedor".
Nos últimos dois dias, Osmar esteve em Ponta Grossa, Londrina, Maringá, Paranaaí e Umuarama sem a presença de Requião.
Nas visitas ao interior, Osmar esteve acompanhado do candidato à vice, Rocha Loures (PMDB), e da candidata ao Senado na chapa, Gleisi Hoffmann (PT), além de candidatos a deputado.
Cobrança pelo telefone
Mesmo distante Requião teria telefonado para cobrar algumas declarações feitas por Osmar. Em dois momentos do discurso, o próprio senador contou que Requião não gostou de críticas feitas ao seu governo, nas áreas da educação e da segurança. Osmar teria minimizado a polêmica com o aliado, dizendo que não falou mal, mas que se propôs a melhorar o trabalho feito. Mas ao mesmo tempo, Osmar disse novamente que o efetivo policial é muito pequeno e que em quatro anos o Paraná terá 22 mil policiais nas ruas. "Temos que lembrar que a Polícia Civil está muito defasada e precisamos melhorar esse quadro".
Sem citar nomes, Osmar Dias também reconheceu que fez um compromisso com o prefeito (Beto Richa) de Curitiba na eleição para prefeito em 2008 e que deveria valer até 2012. Segundo ele, esse compromisso incluía os quatro anos de mandato do prefeito. "Quando ele anunciou a saída da prefeitura para ser candidato a governador, considerei o compromisso interrompido". Este teria sido, segundo Osmar, o momento que ele teria se sentido livre para lançar o nome como candidato a governador. O pedetista estará hoje em Cascavel e Foz do Iguaçu.
Colaborou Osmar Nunes, correspondente em Umuarama.



