
Desgastado no Planalto, o ministro das Cidades, Mário Negromonte, comunicou ontem ao seu partido, o PP, que se demitirá hoje. A exoneração será oficializada em reunião com a presidente Dilma Rousseff, que retornaria na madrugada desta quinta-feira ao Brasil após viagem a Cuba e ao Haiti. Negromonte é o nono ministro a sair do governo desde que a gestão Dilma começou e o sétimo a ser demitido em meio a acusações de irregularidades (leia as denúncias na reportagem abaixo).
Dirigentes do PP confirmaram ontem a demissão. "Ele está determinado e disposto a fazer isso amanhã [hoje]. Disse que tomou a decisão por questão de foro íntimo", afirmou o deputado federal Vilson Covatti (PP-RS).
A parlamentares do PP, Negromonte reconheceu não ter mais condições "políticas e pessoais" de ficar no ministério. Desde o ano passado, ele não contava mais com o apoio de seu próprio partido para continuar. E vinha sendo alvo de uma série de acusações. A gota dágua foram duas demissões, ordenadas pelo Planaldo, de auxiliares diretos de Negromonte no ministério, entre a semana passada e o início desta.
Com a saída de Negromonte, Dilma dá prosseguimento à reforma ministerial, que já teve a saída de Fernando Haddad do Ministério da Educação e de Alozio Mercadante da Ciência e Tecnologia. Mercadante apenas trocou de pasta e passou a dirigir a Educação. O Ministério da Ciência e Tecnologia agora é ocupado por Marco Antonio Raupp.
Substituto
O PP negociou a saída de Negromonte e teria acertado que a legenda continuará no comando do ministério. O nome mais provável para substituí-lo é o do líder do PP da Câmara, Aguinaldo Ribeiro, da Paraíba. O Planalto já teria levantado a ficha de Ribeiro para se certificar que não terá problemas com a indicação dele.
Aguinaldo Ribeiro responde a processo na Justiça Federal por improbidade administrativa. Mas um dos interlocutores do PP com o governo diz que tudo já foi avaliado pelo Planalto. A aposta do partido é de que não haverá impedimento.
O processo vem dos tempos em que Ribeiro era secretário de Agricultura da Paraíba, entre 1998 e 2002. À época, ele foi acusado de improbidade administrativa por ter comprado remédios e equipamentos médicos para o combate à febre aftosa sem licitação. Os apoiadores de Ribeiro argumentam que a própria Justiça já se manifestou favorável ao deputado no processo que analisou as compras, que teriam sido feitas em caráter emergencial, quando a licitação pode ser dispensada. O argumento em defesa dele é que Ribeiro já foi inclusive absolvido no pleno do Tribunal Regional Federal da 5.ª Região. Mas um recurso à decisão ainda tramita na Justiça.



