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O empresário Shinko Nakandakari, que em delação premiada admitiu ter intermediado pagamentos de propina da Galvão Engenharia à Petrobras, afirmou em audiência na Justiça Federal nesta quinta-feira (5) que nem ele nem os executivos da empresa tinham preocupação com a Operação Lava Jato. Dirigentes da Galvão foram presos na operação.

Shinko foi questionado sobre o assunto pelo juiz Sergio Moro, que conduz o caso. Moro pergunta se não tinham receio de fazer os pagamentos de propina em 2014, porque naquele ano a investigação já estava em curso.

“Até que se deu a operação em novembro [de 2014, referência à sétima fase da Lava Jato, quando os executivos das empresas foram presos], a gente não tinha essa preocupação. Eu e o próprio Erton [Medeiros, diretor da Galvão,] não estávamos sabendo da profundidade, que isso pudesse chegar à Galvão”, afirmou o operador.

Mas ele explicou que a Galvão tinha uma necessidade “tão grande” de aprovar aditivos na Petrobras, principalmente referentes à obra da refinaria Abreu e Lima, que houve a liberação de pagamentos de propina.

Shinko intermediava a propina entre a Galvão Engenharia e a diretoria de Serviços da Petrobras, à época comandada pelo diretor Renato Duque, que tinha como gerente Pedro Barusco. Ambos recebiam propina, afirmou o operador. Barusco também se tornou delator da Lava Jato e admitiu ter recebido repasses e tê-los compartilhado com Renato Duque. Duque nega as acusações.

O operador afirmou ainda que, referente aos pagamentos de propina, a Galvão ficou devendo entre R$ 6 milhões a R$ 8 milhões a Barusco e cerca de R$ 2 milhões a ele próprio.

Ele voltou a afirmar declarações que havia dado na delação premiada, como a de que fez pagamentos a Duque pessoalmente. E disse ter encontrado Duque cerca de dez vezes para fazer esses repasses, que eram de cerca de R$ 100 mil cada, totalizando R$ 1 milhão.

Ambiente melhor

Shinko afirmou que começou a pagar suborno a Barusco quando ainda era diretor de outra empresa, antes de começar a trabalhar como representante da Galvão Engenharia.

Disse que foi contratado pela Galvão em 2008 para “melhorar o ambiente” no relacionamento com a estatal. Sustenta, porém, que entregava remessas de dinheiro ilícito a pedido do alto escalão da empreiteira.

“Dentro desse processo todo, eu espera espécie de peixe pequeno. A Galvão dava para mim os dados todos, valor que deveria passar para eles [Barusco e Duque], me mandavam e-mail definindo os valores [da propina]”, afirmou.

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