Apostando no nome dos pais que estão há anos na política, alguns jovens decidiram ingressar na vida pública neste ano. Na lista de candidatos às eleições 2006, dois nomes chamam a atenção pelo sobrenome famoso no meio político. São os de Moisés Pessuti, filho do vice-governador Orlando Pessuti, e de Renata Bueno, filha do candidato a governador pelo PPS, Rubens Bueno. Ambos disputam vagas no Legislativo pela primeira vez. Ele concorre ao cargo de deputado estadual. Ela, ao de deputada federal.
A situação de Moisés, advogado de 23 anos, é um pouco mais arriscada que a de Renata. Caso ocorra alguma eventualidade com o governador Roberto Requião e ele tenha de se licenciar do cargo, Orlando Pessuti não poderá assumir a administração estadual. Se isso ocorrer, mesmo que por um dia, a candidatura de Moisés será impugnada, já que a legislação eleitoral não permite que parentes consangüíneos de chefes do Executivo sejam candidatos.
Foi o que ocorreu com a irmã de Orlando Pessuti na eleição de 2004. Neusa Pessuti era candidata a prefeita de Jardim Alegre até o irmão mais famoso assumir o comando político do Paraná. Quando isso ocorreu, Neusa teve o nome impugnado pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE).
"Mas isso não nos assusta. O Requião tem dito que não vai se licenciar e não há viagem alguma para fora do estado programada", disse Orlando Pessuti. "Não vejo riscos de a candidatura do Moisés ser impugnada, já que não acho que assumirei o governo neste período. Mas temos a consciência da situação", disse .
Pessuti admite que a decisão de lançar a candidatura de Moisés foi familiar. "Antes era eu quem disputava como deputado estadual. Mas como não serei candidato, optamos por ter um representante da família, para manter a tradição na política", afirmou o vice-governador. "É natural. Meu pai foi vereador e candidato a prefeito." A estratégia de Pessuti é manter a candidatura do filho apenas na hipótese de a coligação PMDB e PSDB ser mantida. Se a aliança for derrubada pelo TRE, o pai retoma o posto de candidato a vice-governador e o filho será coordenador da campanha.
Se Moisés aceitou a missão de substituir o pai apostando na força dos jovens, já que milita há tempos na juventude do PMDB, Renata Bueno, de 26 anos, apostou na força das mulheres. "Sempre participei da coordenação do grupo de mulheres e da juventude do PPS. Foram eles que me pediram para ser candidata. Avaliei que há o espaço e disse sim", disse ela. "Eu me preparei para isso, além de acompanhar meu pai na vida política", contou, frisando que não vê benefícios nem prejuízo em ser filha de Rubens Bueno. Renata também é advogada e pós-graduada na Itália em Direitos Humanos.
"A prioridade era do meu pai. Se a minha candidatura fosse atrapalhá-lo, eu não seria candidata. Mas ele avaliou que não atrapalharia e vamos juntos na campanha", afirmou Renata, que tem o respaldo do pai. "Disse para ela que há dificuldades. Não vou permitir que nada possa beneficiá-la. Mas também não aceitarei discriminação em relação a ela. Quero igualdade no tratamento. Todos os candidatos são importantes", disse Rubens Bueno.



