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Ex-senador Gim Argello (PTB-DF) é principal alvo da operação. | Pedro França
 /Agência Senado
Ex-senador Gim Argello (PTB-DF) é principal alvo da operação.| Foto: Pedro França /Agência Senado

A Polícia Federal deflagrou na manhã nesta terça-feira (12) a Operação Vitória de Pirro, 28.ª etapa da Lava Jato. O objetivo é aprofundar investigações sobre a obstrução do trabalho de duas CPIs instaladas em Brasília para investigar a Petrobras em 2014. O ex-senador Gim Argello (PTB-DF) foi preso preventivamente. Além dele, a OAS é o outro principal alvo da operação.

Os fatos investigados nesta fase apuram a prática dos crimes de concussão, corrupção ativa, associação criminosa e lavagem de dinheiro.

Vitória de Pirro

Vitória de Pirro remete à “expressão histórica que representa uma vitória obtida mediante alto custo, popularmente adotada para vitórias consideradas inúteis”.

O nome vem de Pirro de Épiro (319/318 a.C.-272 a.C), rei grego que dedicou sua carreira a embates sangrentos com Roma. Segundo a crônica clássica de Plutarco, durante uma de suas campanhas no sul da Itália, Pirro comentou com quem lhe congratulou pelo sucesso em Ásculo (279 a.C): “Outra vitória como esta vai me destruir para sempre”.

Cem policiais federais cumprem 21 ordens judiciais, sendo 14 mandados de busca e apreensão, 1 mandado de prisão preventiva, 2 mandados de prisão temporária (contra dois assessores de Argello), 5 de condução coercitiva e 14 de busca e apreensão. As medidas estão sendo cumpridas nos municípios de São Paulo, Rio de Janeiro, Taguatinga (DF) e Brasília. A 13.ª Vara Federal de Curitiba ainda determinou o bloqueio de ativos de 2 investigados e de 3 pessoas jurídicas.

Segundo a PF, as investigações apuram a existência de indícios concretos de que “destacado integrante” da CPI do Senado e também da CPI mista do Congresso – no caso Gim Argello, que era vice-presidente desta última −, “ambas com o objetivo de apurar irregularidades no âmbito da Petrobras em 2014, teria atuado de forma incisiva no sentido de evitar a convocação de empreiteiros para prestarem depoimento, mediante a cobrança de pagamentos indevidos travestidos de doações eleitorais oficiais em favor dos partidos de sua base de sustentação”.

Segundo o Ministério Público Federal (MPF), provas apontam o pagamento a Argello pelas empreiteiras UTC (R$ 5 milhões) e OAS (R$ 350 mil). Outras empresas também são investigadas.

Esquema

Delator na Lava Jato, o dirigente da UTC, Ricardo Pessoa, disse ter procurado Argello para evitar que fosse convocado a depor nas CPIs. Após acertarem o pagamento de R$ 5 milhões, o ex-senador teria orientado que o dinheiro fosse doado a quatro partidos políticos no Distrito Federal: DEM (R$ 1,7 mi); PR (R$ 1 mi); PMN (R$ 1,15 mi); e PRTB (R$ 1,15 mi). Junto com o PTB, as quatro legendas formaram a coligação pela qual Argello tentou se reeleger senador em 2014.

Entre julho e outubro daquele ano, os valores foram efetivamente doados pela UTC e Pessoa não foi convocado a depor em nenhuma das duas CPIs. Segundo o MPF, não há indícios de que os partidos “tenham participado ou tivessem ciência da origem ilícita dos recursos”.

Além disso, no celular do presidente da OAS, Léo Pinheiro, apreendido na 7.ª Fase da Lava Jato, foram encontradas mensagens relacionadas ao assunto Gim Argello. Em mensagem de 14/05/2014 (data da instalação da CPI da Petrobras no Senado), por exemplo, Pinheiro solicita a executivos da empreiteira o pagamento de R$ 350 mil à conta bancária de uma paróquia do DF – frequentada por Argello −, apontando como centro de custo a “Obra da Renest” (referência à RNEST, refinaria da Petrobras).

Nas mensagens, o depósito é associado a pessoa de alcunha “Alcoólico”, num trocadilho com a bebida “Gim”.

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