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Crise nos Transportes

Novas denúncias provocam outras baixas no Dnit

Diretor executivo do órgão é afastado porque sua mulher tem contratos de R$ 18 milhões para obras em estradas. E “office-boy” informal de Pagot também cai

José Henrique Sadok de Sá, diretor-executivo afastado do Dnit, alega que não teve influência nos contratos da esposa com o órgão | Wilson Pedrosa/AE
José Henrique Sadok de Sá, diretor-executivo afastado do Dnit, alega que não teve influência nos contratos da esposa com o órgão (Foto: Wilson Pedrosa/AE)

Duas novas denúncias provocaram ontem mais baixas no Departamento Nacional de Infraestrutura de Transporte (Dnit), ligado ao Ministério dos Transportes. O novo ministro da pasta, Paulo Sérgio Passos, anunciou o afastamento do diretor-executivo do Dnit, José Henrique Sadok de Sá. Sadok acumulava interinamente a direção-geral do órgão, vaga desde o afastamento de Luiz Antonio Pagot, acusado de participar de um esquema de cobrança de propina. Além de Sadok, também foi afastado Frederico Augusto de Oliveira Dias, assessor informal de Pagot.

Sadok foi afastado depois que o jornal O Estado de S. Paulo publicou ontem que a mulher dele, Ana Paula Batista Araújo, dona da Construtora Araújo Ltda, assinou contratos no valor de R$ 18 milhões, entre 2006 e 2011, para a realização de obras nas rodovias BR-174, BR-432 e BR-433, em Roraima. O Dnit é o órgão federal responsável pelas obras em estradas federais.

Ao jornal O Estado de S. Paulo, Sadok confirmou que vive com Ana Paula há quatro anos, mas negou que tenha interferido nos negócios dela com o órgão do qual ele era diretor. Ele afirmou ainda que os contratos da Construtora Araújo Ltda eram feitos diretamente com o governo de Roraima, que, por sua vez, assinou convênios com o Dnit por meio de licitações.

O diretor executivo do Dnit não foi demitido, mas uma comissão de processo administrativo disciplinar foi instaurada para apurar as denúncias. O ministro Paulo Sérgio Passos chegou ontem a afirmar que o substituto de Sadok seria definido ontem. Mas, no início da noite, o ministério informou que o nome ainda não havia sido decidido.

Já o assessor Frederico Augusto de Oliveira Dias também foi afastado ontem do Dnit, após o jornal Folha de S.Paulo ter revelado ontem que ele atuava representando a diretoria-geral em reuniões com prefeitos e autoridades, apesar de nunca ter sido nomeado oficialmente pelo governo. Na definição de Pagot, Dias era apenas um "boy", um "estafeta" (mensageiro), embora tivesse sala no Dnit, e-mail do órgão e se apresentasse como representante direto do diretor-geral afastado.

Dias, além de "boy" de Pagot, é afilhado político do deputado federal Valdemar Costa Neto (PR-SP) – acusado de ser o mentor do esquema de cobrança de propina no Ministério dos Transportes, embora não tenha nenhum cargo no Executivo federal.

Cobranças de Dilma

O ministro Paulo Sérgio Passos amanheceu o dia de ontem com um telefonema da presidente Dilma Rousseff cobrando providências em relação às denúncias publicadas na imprensa. A presidente Dilma já havia determinado a Passos que fizesse "uma limpa" no setor de Transportes e voltou a cobrar providências.

Dilma quer que o Dnit e o Ministério dos Transportes saiam definitivamente das páginas dos jornais por causa de denúncias de irregularidades e exigiu providências do ministro.

Em relação à situação de Pagot, apesar das pressões de aliados políticos, como o senador Blairo Maggi (PR-MT), e de interlocutores do próprio Planalto, para que ele retome o seu posto no Dnit, a presidente Dilma tem reiterado a interlocutores que mantém seu firme propósito de mantê-lo fora do governo, sob a alegação de que ele não tem condições políticas de retornar às suas funções.

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