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O tema ‘golpe’ é um dos assuntos que causam divergências entre a presidente afastada e o PT. | Daniel Castellano/Gazeta do Povo
O tema ‘golpe’ é um dos assuntos que causam divergências entre a presidente afastada e o PT.| Foto: Daniel Castellano/Gazeta do Povo

A carta que a presidente Dilma Rousseff (PT) pretende entregar aos senadores virou uma espécie de “novela”, tantas são as versões que circulam entre os aliados da petista, afastada do cargo desde maio para responder a um processo de impeachment.

A preocupação em torno do conteúdo ocorre porque, mais do que tentar convencer parlamentares a mudar o voto – algo considerado difícil até mesmo pelos petistas -, uma carta do tipo certamente ficará como um importante registro histórico.

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Entre correligionários, há quem defenda uma espécie de carta de despedida, com um balanço do que foi a gestão Dilma ao longo de quase seis anos, e enfatizando os programas sociais fortalecidos pelos governos do PT. A ideia seria também marcar a entrada do partido na oposição, anunciando qual seria a postura da sigla a partir de agora em relação aos principais temas do país. Assim, o PT se concentraria em deixar um registro positivo do seu legado, sem tirar a participação da legenda no cenário político atual.

De olho nas eleições de 2018, o campo majoritário do PT já não aposta no retorno da presidente Dilma e prefere agora encabeçar a oposição a Michel Temer, com a expectativa de recuperação da legenda até o fim do mandato do peemedebista.

Mas, na outra ponta, há quem critique um texto que possa sugerir que o partido já “jogou a toalha”.

Mesmo reconhecendo a dificuldade em mudar o placar pró-impeachment que se desenha para a votação final no Senado, petistas acreditam que a presidente Dilma deve adotar um tom duro, mantendo até o fim o discurso contra o que chamam de “golpe”, situação que segundo eles deixaria um presidente da República “ilegítimo” no poder. Assim, a ideia da carta seria fazer um forte apelo aos políticos, rechaçando o impeachment e reforçando as consequências históricas do processo para o país.

Mas, mesmo na versão na qual a presidente Dilma se concentraria mais em rebater o impeachment, há controvérsias sobre a inclusão ou não de uma proposta para realização de um plebiscito, no qual a população seria convocada a se manifestar sobre a antecipação das eleições gerais, caso ela retornasse ao cargo.

A presidente Dilma e aliados próximos têm defendido o plebiscito, na esteira da falta de popularidade do interino Michel Temer. Mas, o próprio presidente do PT, Rui Falcão, não concorda com a proposta, que traria segundo ele um desfecho de “legalidade” a um processo que considera “um golpe”.

Até mesmo o uso da palavra “golpe” na carta teria sido discutido entre os aliados, assim como se a presidente Dilma deveria ou não dar um tom pessoal ao texto.

Tempo

Outro ponto de discórdia entre aliados teria sido o próprio momento de entrega da carta aos senadores. Petistas esperavam que a presidente Dilma divulgasse o conteúdo até o último dia 9, às vésperas da votação no Senado marcada para deliberar sobre o julgamento ou não da petista por crime de responsabilidade.

A ideia era que o conteúdo da carta tivesse algum tipo de impacto no meio político e na opinião pública, ainda que o placar continuasse majoritariamente pró-impeachment.

Sem consenso, o texto não foi entregue e os senadores deram aval ao julgamento da presidente Dilma, por 59 votos contra 21, na madrugada da última quarta-feira (10).

Agora, a expectativa é que a carta seja divulgada em breve, antes do início do julgamento da petista, daqui dez dias.

Reservadamente, aliados criticaram a indefinição, sustentando que a carta “já chegará tarde” e pode ter efeito nulo.

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