A nova cara da Esplanada está menos petista tanto no número de ministros quanto no montante de recursos geridos por políticos ligados ao partido. Além de perder um quarto das pastas que comandava em relação a 2014 (passou de 17 para 13), o PT teve uma redução de 28% na dotação orçamentária total que vai gerir (de R$ 451,128 bilhões para R$ 324,328 bilhões). A queda de "status" fica mais visível na comparação de valores destinados a investimentos (obras e aquisições), com uma diminuição de 47% (de R$ 29,004 bilhões para R$ 15,434 bilhões).
Os dados fazem parte de um levantamento da Gazeta do Povo sobre quem "enriqueceu" e "empobreceu" com o loteamento partidário do segundo mandato da presidente Dilma Rousseff. Os números constam do projeto de lei orçamentária de 2015, que ainda não foi aprovado pelo Congresso Nacional. A comparação afere como seria a partilha de recursos se a composição do primeiro escalão no fim do mandato passado tivesse sido mantida e como ficou após as mudanças feitas pela presidente Dilma Rousseff.
Perdedores
Em valores absolutos, o PT foi a legenda que mais encolheu em todas as comparações. Além de deixar os ministérios mais técnicos (Fazenda e Planejamento), o partido saiu da Educação e do Desenvolvimento, Indústria e Comércio. Só a Educação, que migrou para o Pros de Cid Gomes, tem um orçamento de R$ 101,3 bilhões para este ano.
Proporcionalmente, no entanto, foi o PP quem teve a maior redução de recursos. No remanejamento em que saiu do Ministério das Cidades para a Integração Nacional, a legenda viu a dotação orçamentária total cair em 79%.
Em relação ao orçamento destinado apenas para investimentos, quem mais perdeu espaço foi o PCdoB. A troca do Esporte para Ciência e Tecnologia representou uma perda de 49% no total de recursos que vão estar sob tutela de Aldo Rebelo para tocar obras ou fazer aquisições. Por outro lado, o orçamento total administrado pelo PCdoB com a Ciência e Tecnologia cresceu 377% a pasta gasta mais com pagamento do salário de servidores do que o Esporte.
Professor de orçamento público da Universidade de Brasília, James Giacomoni diz que o orçamento total mostra o peso de cada ministério, mas a dotação destinada para investimentos mostra de uma forma melhor os recursos que podem efetivamente ser gerenciados pelos ministros. "Os ministérios têm uma estrutura pesada, em que 90% do orçamento é engessado com gastos como folha de pagamento. O que sobra para o ministro dar a sua cara é muito pouco. Até grande parte dos investimentos já está comprometida com obras em andamento", diz Giacomoni.
Vice-líder do governo na Câmara dos Deputados, o paranaense Alex Canziani (PTB) afirma que a reconfiguração do primeiro escalão de Dilma é uma mostra de "amadurecimento" na relação da presidente com o Legislativo. "Ela parece ter entendido que a fragmentação dos partidos no Congresso após a eleição exigia uma nova estratégia."
Ao todo, o número de legendas com representação na Câmara dos Deputados e no Senado saltou de 22 para 28. Já o total de partidos com ministros passou de oito para dez, graças à entrada do Pros e do PTB este último representado pelo senador Armando Monteiro Filho, nomeado para a pasta do Desenvolvimento, Indústria e Comércio.



