
A presidente Dilma Rousseff vem recebendo críticas de seu próprio grupo político desde que anunciou a nova leva de ministros para seu segundo mandato nesta semana. Dilma, que havia anunciado até então apenas os integrantes da equipe econômica, liberou na terça-feira uma lista de 13 novos integrantes do primeiro escalão. Dentre esses, alguns que ocuparão pastas importantes, como os ministérios da Educação e da Agricultura.
Além de nomes que respondem a processos na Justiça, a falta de experiência de alguns ministros que vão ocupar a Esplanada neste segundo mandato tem gerado muita polêmica. A maior crítica é em torno do nome do novo ministro do Esporte, o deputado pastor George Hilton (PRB-MG). Em 2005, o pastor da Igreja Universal, então deputado estadual pelo antigo PFL (que se transformou no atual DEM), foi flagrado e detido pela Polícia Federal no aeroporto da Pampulha, em Belo Horizonte, com 11 caixas recheadas com cheques e notas de Real, num total de R$ 600 mil. O transporte foi feito em jatinho fretado.
À época, o pastor disse que o dinheiro era oriundo de doações de fiéis do Sul de Minas. Ele foi liberado, mas acabou sendo expulso do PFL. "Como em um mês, uma pessoa que não é da área vai conseguir entrar num mundo onde há três anos as pessoas estão mergulhadas? Ninguém o conhece, não é do meio", disse uma das autoridades envolvidas nas Olimpíadas.
A inexperiência dos ministros também gerou críticas da oposição. "O único ponto em comum entre os novos ministros é a pouca intimidade da maioria com as pastas pelas quais irão responder. A fragilidade da presidente reeleita a fez refém da sua base de apoio", criticou o senador Aécio Neves (PSDB-MG).
A escolha de Aldo Rebelo, por sua vez, para a Ciência e Tecnologia gerou reação negativa na comunidade científica. Em 1994, Aldo apresentou um projeto de lei proibindo que órgãos públicos adotassem inovação tecnológica que afetasse a contratação de mão de obra. A indicação do governador da Bahia, Jaques Wagner (PT), para a Defesa também gerou críticas. Wagner teve dificuldades para administrar greves de policiais militares e dos Bombeiros em 2012.
"Dentro da lógica política, o que vale é o apoio do partido", disse João Paulo Peixoto, cientista político da UnB, lembrando que esse tipo de composição existe desde a redemocratização do país.
Procurados, Aldo Rebelo e Jaques Wagner não retornaram as ligações da reportagem.



