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Dilma abraça o novo ministro do Turismo, Gastão Vieira. Ambos são observados por José Sarney (esq.). Presidente do Senado é “padrinho” de Vieira | Pedro Ladeira/AFP
Dilma abraça o novo ministro do Turismo, Gastão Vieira. Ambos são observados por José Sarney (esq.). Presidente do Senado é “padrinho” de Vieira| Foto: Pedro Ladeira/AFP

Desafios da pasta

Corrupção veio junto com dinheiro

Apesar da reclamação do novo ministro do Turismo, Gastão Vieira, de que sua pasta não tem dinheiro (leia reportagem ao lado), o fato é que o ministério que ele vai assumir está sendo "turbinado" com verbas devido a Copa do Mundo de 2014. Mas, junto com o dinheiro, vieram as denúncias de corrupção.

A pasta recebeu R$ 257 milhões adicionais só para promover a capacitação profissional até 2013, no programa "Bem Receber Copa". Além disso, o ministério está gerenciando uma linha de financiamento de R$ 2,3 bilhões, apenas este ano, para reforçar a rede hoteleira.

Junto com o dinheiro, vieram as diversas denúncias de mau uso dos recursos públicos. Dez convênios do "Bem Receber", por exemplo, tem indícios de irregularidades, segundo o Tribunal de Contas da União (TCU).

Sob nova direção, o Ministério do Turismo terá ainda como tarefa apoiar a resolução de dois gargalos do setor, apontados em pesquisa feita junto aos turistas em visita ao Brasil: a falta de sinalização turística e a ausência de postos de comunicação, como lan houses, nas 12 cidades-sede. Reservadamente, técnicos do ministério mostram que o país tem muito a fazer nessas duas áreas. A falta de limpeza urbana foi outra falha apontada pelos visitantes e que preocupa o Turismo.

A mão de obra para suportar a sobrecarga de viajantes no evento esportivo é o carro-chefe do Turismo. A meta é capacitar mais de 300 mil pessoas, tanto em hotéis como em bares, restaurantes, agências de turismo, receptivo e companhias aéreas. O desafio é impedir a proliferação de convênios irregulares. Nos dez convênios analisados pelo TCU, os cursos eram inexistentes ou não atingiram seu objetivo.

O diretor de estudos e pesquisas do Ministério do Turismo, José Francisco de Salles Lopes, avalia que, de modo geral, a capacitação ocorre de forma satisfatória. Para Lopes, se o Turismo conseguir responder à demanda de capacitação profissional para a Copa do Mundo de 2014, os Jogos Olímpicos do Rio, em 2016, passam a ser uma preocupação secundária.

O ministério já radiografou o público majoritário que deve chegar ao Brasil para a Copa do Mundo. São homens, solteiros, entre 25 e 44 anos, e que viajam em grupo. A renda média familiar é de quase R$ 25 mil. Cada um deles deve estar disposto a gastar cerca de R$ 11,5 mil incluindo a passagem aérea.

Agência O Globo

Vieira destinou verba a cidades sem atrativos

Novo ministro do Turismo, Gastão Vieira (PMDB), destinou R$ 2,5 milhões das emendas parlamentares a que tinha direito como deputado federal para projetos turísticos em quatro pequenas cidades do Maranhão que não têm reputação de possuírem atrativos para turistas.

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Para cientistas políticos, indicações como a do novo ministro do Turismo expõem a dependência do Planalto em relação aos aliados. E não há perspectiva de que isso se altere.

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Conexão Brasília

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Aos questionadores de plantão, PMDB e Palácio do Planalto têm o argumento pron­­to para defender a escolha do deputado maranhense Gastão Vieira para o Ministério do Turismo. Ao contrário do colega Pedro Novais, ele tem experiência administrativa. É só ver no currículo as passagens pelas secretarias de Educação e Planejamento do Maranhão.

Leia coluna na íntegra

O novo ministro do Turismo, Gastão Vieira, passou o primeiro dia após ter sido escolhido para o cargo tendo de dar explicações sobre sua inexperiência em as­­­suntos relacionados à pasta e sobre suas ligações com o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP). Ele revelou ainda qual foi o principal pedido que recebeu da presidente Dilma Rousseff: priorizar os projetos destinados à recepção dos turistas que devem vir ao Brasil para a Copa do Mundo de 2014. "[A presidente] pediu que eu cuidasse prioritariamente do evento da Copa", disse ele.

Vieira também negou que a escolha de seu nome para o cargo tenha relação com sua ligação com Sarney. E disse que será independente do senador. "Abso­­lutamente, não. Eu sou ligado à família Sarney há muito tempo, e o Sarney nunca me impôs que eu fizesse nada ou deixasse de fazer", afirmou Vieira, que é deputado federal pelo PMDB do Maranhão – assim como o ex-ministro Pedro Novais, demitido após uma sucessão de denúncias de mau uso do dinheiro público.

Oficialmente, o PMDB tentou passar ao público a imagem de que Vieira, por ser deputado federal, seria uma indicação dos parlamentares da Câmara. Mas o primeiro dia dele como novo ministro tratou de demonstrar o contrário. Vieira transitou ontem ao lado de Sarney pelo Fórum Na­­cional do PMDB, em Brasília, e encontrou-se com Dilma ciceroneado pelo presidente do Senado.

O preferido do líder do PMDB na Câmara, Henrique Eduardo Alves (RN), para ser o novo ministro do Turismo era o deputado Marcelo Castro (PMDB-PI). Castro ontem demonstrou o racha interno do partido e atribuiu a escolha de Vieira à cota de "representação maranhense" no ministério. Disse ainda acreditar que a influên­­cia de Sarney teve peso na escolha.

Genérico, não

O novo ministro também rebateu ontem as críticas de que não tem qualquer experiência na área do turismo. Em entrevista à rádio Estadão ESPN, o peemedebista disse que não é "um ministro genérico". "Com cinco mandatos [de deputado federal], eu sou, de certa forma, uma pessoa com muita atividade política. Fui secretário no meu estado três vezes (...). Absolutamente não me considero um ministro genérico. Pelo contrário, sou uma pessoa que se preparou ao longo da vida para enfrentar desafios", disse ele.

Apesar disso, Vieira admitiu que precisará de orientação de técnicos da área para tomar decisões. "Você trabalha com bons assessores. Há uma equipe técnica no Ministério do Turismo que é elogiada por todos. Você ser ministro e governar é tomar a melhor decisão para o país. E, portanto, vou me valer, nesse início, da experiência acumulada [dos técnicos]."

Vieira também aproveitou suas primeiras declarações públicas para reclamar do orçamento do ministério que vai comandar. "O orçamento do Turismo, tenho informação parcial, foi extremamente contingenciado, foi bastante reduzido. A tarefa do novo ministro será certamente buscar mais recursos para recompor o orçamento", disse ele.

Evasivo

O novo ministro foi evasivo sobre as denúncias de corrupção que atingiram o Turismo recentemente. "Se há problema de corrupção, está sendo apurado pelos órgãos competentes, e a recomendação dos órgãos será claramente adotada pelo ministro", afirmou. "Não tomei posse sequer. (...) Eu ainda não sou mi­­nistro, continuo deputado."

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