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Investigação

Número 2 da PF é preso por tráfico de influência

Diretor-geral deu a voz de prisão a Romero Menezes. É a primeira vez que um diretor-executivo da instituição vai para a cadeia

 | Elza Fiúza/ABr
(Foto: Elza Fiúza/ABr)

A Polícia Federal (PF) prendeu ontem o diretor-executivo e segundo homem na hierarquia da instituição, Romero Menezes, acusado de usar seu prestígio político para favorecer o irmão, José Gomes de Menezes Júnior, em licitações no Amapá e no Pará. O irmão do delegado também foi preso. Ele é dono de uma empresa que presta serviços de limpeza e pretendia entrar também no ramo de vigilância.

A voz de prisão foi dada pelo próprio diretor-geral da PF, Luiz Fernando Corrêa. "Tchê, tenho péssimas notícias", disse Corrêa ao colega. A frase, impregnada de sotaque gaúcho, revela uma longa amizade entre o diretor-geral da PF e Romero Menezes.

É a primeira vez que um diretor-executivo da Polícia Federal é preso. Acima dele estava apenas Corrêa. A prisão foi um desdobramento da Operação Toque de Midas, que ocorreu em julho deste ano e que investiga indícios de que empresas do empresário Eike Batista podem ter infrigido a lei de licitações durante processo de concessão de uma estrada de ferro no Amapá. A empresa de José Menezes estaria entre as investigadas por irregularidades.

A prisão do diretor executivo foi pedida pelo Ministério Público Federal de Roraima. Para o MP, existem indícios que Romero teria favorecido funcionários da EBX, de propriedade de Eike, e da empresa dirigida pelo irmão dele. A PF não tinha divulgado até o início da noite o nome do terceiro preso na operação.

Romero, que pediu afastamento do cargo, prestou depoimento na sede da PF, em Brasília, e sua prisão é temporária. Segundo Corrêa, será temporária apenas para evitar qualquer interferência na coleta de provas.

No momento da prisão, às 9h50, no gabinete do diretor-geral, estavam presentes os diretores Daniel Lorenz (Inteligência) e Roberto Trocom (Crime Organizado).

A diretoria executiva da PF será ocupada interinamente por Trocom. Os policiais também fizeram busca e apreensão de documentos no gabinete, na casa de Romero Menezes, e em uma sala da Secretaria Nacional de Segurança Pública, no Ministério da Justiça.

A prisão

Corrêa definiu a prisão do auxiliar e amigo de décadas como "um dos atos mais constrangedores e desconfortáveis" da sua vida. "Me poupem dos detalhes", pediu, ao relatar o fato a outros delegados. Policial experiente, conhecido por sua frieza, Menezes não mexeu um músculo ao receber a voz de prisão Perguntou onde deveria assinar, esticou a mão para pegar o papel e disse que estava absolutamente tranqüilo quanto à investigação.

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