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Número de filiados é inflado por candidatos

Segundo especialistas, dados sobre partidos não condizem com a participação política da população

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Autor do livro "Caos partidário paranaense", o cientista político Mario Sérgio Lepre diz acreditar que o número de filiados não está relacionado à efetiva participação política da população. "No Brasil, o fato de alguém estar em um partido não significa ter ideologia. Só seria uma participação consciente se as pessoas buscassem a filiação por confiarem que o partido é um instrumento capaz de defender princípios políticos", comenta.

Para ele, os partidos têm funcionado como grupos políticos, cada um sob o comando de alguns "proprietários". São esses "nomes de peso" que arregimentam novos filiados. E os correligionários seguem personalidades por interesses particulares. "São trocas fisiológicas, distribuições de favores, como cargos na administração pública", pondera.

Lepre estudou as modificações na configuração partidária que aconteceram quando lideranças como Alvaro Dias e Jaime Lerner mudaram de legenda. "A composição da Assembleia, na época, também acompanhou os governantes", relata. Ele enfatiza que o PT, antes da eleição de Lula em 2002, era um partido com forte identidade. Mas depois de virar governista, a legenda passou a ter muitas adesões.

O cientista político Emerson Cervi, da UFPR, salienta que existem partidos brasileiros que são mais especializados em eleições municipais. O PMDB e DEM são dois exemplos. E existem partidos que se saem melhor em disputas nacionais. É o caso do PT e PSDB. Essas diferenças de perfil influenciam no número de filiados de cada legenda.

Contudo, Cervi faz questão de frisar que filiado partidário não é necessariamente um militante. "Minha hipótese é de que a parcela realmente interessada em política é bem menor do que 10% da população. Acho que só se filia no Brasil quem quer disputar uma eleição. Eles se candidatam a vereador, são derrotados e não se desfiliam nem dão continuidade à militância. Com isso, há o surgimento de um acumulado artificial de filiados", avalia.

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