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poder legislativo

O Congresso foi turbulento em 2015, mas até que produtivo

Número de projetos aprovados no Congresso ficou acima da produção de 2013 e 2014. A qualidade, porém, é questionável

Plenário cheio para a votação da redução da maioridade penal: votação atropelada na Câmara dos Deputados. | Gustavo Lima/Câmara dos Deputados
Plenário cheio para a votação da redução da maioridade penal: votação atropelada na Câmara dos Deputados. (Foto: Gustavo Lima/Câmara dos Deputados)

Apesar do ano atribulado no Congresso Nacional, a produção legislativa dos parlamentares em 2015 não foi baixa. Ao todo, Senado e Câmara aprovaram 136 mudanças legislativas – um número abaixo da média dos últimos nove anos, mas acima da produção de 2013 e 2014. A produtividade, entretanto, está longe de ser a melhor métrica para avaliar o desempenho dos nossos congressistas. É preciso, também, ponderar sobre a qualidade das mudanças efetuadas.

Em um balanço de fim de ano feito à TV Câmara, o presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), declarou que 2015 foi “provavelmente o ano em que a Câmara dos Deputados mais tenha produzido”. Se considerarmos o Congresso por inteiro, porém, essa colocação é falsa. Dados do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap) mostram que 136 normas jurídicas foram criadas pelo Congresso em 2015 – entre 2007 e 2011, o número mais baixo foi 157. Ainda assim, é mais do que foi produzido em 2012 e 2013.

Confira os dados de produtividade do Congresso em 2015

Parte disso pode ser creditado ao Senado. Temas que não estavam pacificados na sociedade acabaram sendo “segurados” pelos senadores. Um exemplo é a redução da maioridade penal: após ser aprovada de maneira atropelada na Câmara, com questionáveis manobras regimentais por parte do próprio Cunha, a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) ainda está para ser votada pelos senadores.

Nesse sentido, por vezes é melhor ter um Congresso menos produtivo do que ver as mudanças legais ocorrerem às pressas, sem adequado debate público. Um bom exemplo é a reforma política. Desde a década passada o assunto era debatido no Congresso, sem que uma proposta fosse aprovada. Em 2015, a Câmara aprovou um projeto de lei, sancionado pela presidente Dilma Rousseff em outubro, e uma PEC, que ainda tramita no Senado, tratando sobre seus aspectos constitucionais.

Entretanto, a tal reforma, votada a toque de caixa após manobras regimentais, pouco avançou sobre os reais problemas da política brasileira. Um exemplo é a questão partidária: a nova legislação mantém um cenário no qual os partidos detêm o monopólio do acesso à política eletiva, mas têm poucas exigências de transparência e de compromisso com sua democracia interna. As distorções do modelo de voto em lista aberta tampouco foram corrigidas.

Turbulências

É positivo, entretanto, notar que as turbulências no Congresso – desde as denúncias contra Cunha até a prisão de Delcídio do Amaral (PT-MS) – não parecem ter afetado o ritmo de votações nas duas casas. Um exemplo foi a votação da Lei Orçamentária Anual (LOA). Mesmo com as polêmicas do impeachment e do Conselho de Ética, o Congresso fechou o ano com o orçamento aprovado – algo que não ocorreu em 2013 e 2014.

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