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Dor de cabeça

Clique e relembre episódios que marcam o inferno astral do governador

Beto Richa (PSDB) completa 50 anos só em junho, no dia 29, mas o inferno astral do governador do Paraná começou pouco depois de ser reeleito, em outubro do ano passado, após uma vitória ainda no primeiro turno sobre os senadores Roberto Requião (PMDB) e Gleisi Hof-fmann (PT). Desde então, o tucano acumula dissabores e derrotas, algo praticamente inédito em sua carreira política, cujo primeiro triunfo foi a eleição para deputado estadual em 1994.

Em pouco mais de quatro meses, Richa viu aumentar consideravelmente a oposição à sua gestão na Assembleia Legislativa, reflexo imediato da pressa para aprovar seu "pacotaço". Os projetos visavam reequilibrar o estado financeiramente, mas atingiam em cheio o bolso do funcionalismo, especialmente dos professores. O "pacotaço" bateu na trave e teve de ser retirado da pauta. Mas deixou um legado indigesto: a revolta popular contra o governador, que, ato contínuo, passou a evitar eventos públicos. Isso num período em que o governo enfrenta dificuldades financeiras e tem atrasado pagamentos.

À grave crise somam-se dois episódios que ajudaram a agravar o momento político de Richa. Assessor especial do governo do Paraná, o fotógrafo Marcelo "Tchello" Caramori foi preso no fim do mês passado suspeito de envolvimento em casos de exploração sexual de crianças e adolescentes em Londrina. O auxiliar carrega tatuado no braço a fidelidade ao chefe: "100% Beto Richa". Caramori foi exonerado no dia seguinte à prisão.

Por fim, na "guerra" com a prefeitura de Curitiba, o governo "herdou" a administração das linhas de ônibus da região metropolitana e ainda equiparou o valor da passagem, que passou de R$ 2,85 para R$ 3,30, mais uma despesa a pressionar o combalido caixa do estado.

Análise

O cientista político Luiz Domingos Costa, da Uninter, observa que, historicamente, um governante deixa para tomar medidas impopulares depois da eleição. No entanto, o especialista avalia que, no caso de Richa, faltou habilidade política.

"As decisões foram tomadas de uma maneira péssima, a estratégia do governador foi extremamente ruim, devastadora. Faltou habilidade. Isso, sem dúvida, incrementou a impopularidade dele", diz Costa, fazendo uma projeção de como o inferno astral de Richa pode influenciar no cenário para 2018 – o tucano é cotado para concorrer a uma cadeira no Senado, abrindo mão dos últimos meses de mandato.

"Sem dinheiro você não faz políticas públicas, e sem políticas públicas vem a reprovação. Mas em política tudo é possível contornar, ele pode, sim, se eleger em 2018. Depende agora de como vai lidar com as crises futuras. Mas essa marca negativa [relativa ao pacotaço] vai ficar para sempre com ele", fecha o cientista político.

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