
A próxima semana promete gente na rua no Paraná e no Brasil. Grupos de militantes antipetistas organizam protestos de grandes proporções para o dia 15, nas principais capitais do país. A Central Única dos Trabalhadores (CUT) também deve realizar atos nas capitais, no dia 13. Curitiba convive com a possibilidade de greve de motoristas e cobradores de ônibus – e os professores continuam acampados em frente ao Palácio Iguaçu.
Por trás da insatisfação generalizada, há um componente bastante preocupante: as instituições políticas do Brasil perdem credibilidade a cada dia. O custo de uma crise permanente no país, causada em grande parte pela classe política, pode colocar em risco a lenta construção do estado democrático.
Dois fatores ajudam a colocar lenha na fogueira. O primeiro é a economia. Desde 2011, o país passa por um processo de desaceleração econômica – e chega a 2015 em um cenário de custo de vida crescente aliado a retração da economia. O segundo é a Operação Lava Jato, que colocou sob investigação a nata da classe política brasileira por desvios na Petrobras.
Esses fatores conjunturais, entretanto, se somam a uma queda de confiança geral nas instituições que é bem mais profunda. O Índice de Confiança Social (ICS) das instituições brasileiras, medido pelo Ibope para avaliar a credibilidade das instituições no Brasil, caiu de 58 para 49 entre 2009 e 2014. As instituições mais mal avaliadas são os partidos políticos e o Congresso – justamente a base do sistema democrático.
Para o professor de filosofia política da Unicamp Roberto Romano, as ações da classe política, como as “mentiras absolutamente puras” sobre direitos trabalhistas usadas por Dilma Rousseff na campanha eleitoral, e os crimes revelados pela Operação Lava Jato, colaboraram para recrudescer um processo de deterioração da imagem institucional brasileira. Isso leva a um clima de contestação legítima, nas ruas, dessas instituições.
Entretanto, Romano acredita que há o risco de que esse clima de desconfiança generalizada esteja favorecendo o discurso autoritarista no país. Nos últimos meses, foram realizados diversos atos pedindo a intervenção militar no país. Para o professor, a situação é preocupante. Segundo ele, contextos similares levaram a ditaduras violentas no país no século passado. “Os que dizem que nunca mais o Brasil sofrerá um golpe devem pensar três vezes”, afirma.
Protestos
A realização de manifestações nesta semana não será uma exceção no cenário da política atual. Em 2013, manifestações gigantes cobraram melhores serviços e reforma política no país. Desde o final do ano passado, a vida política do país, e especialmente do Paraná, vem sendo marcada por uma sequência de protestos – na maioria dos casos, democráticos. No mês passado, por exemplo, professores e servidores públicos tomaram as ruas de Curitiba para reclamar contra “calotes” e medidas de austeridade do governo estadual. Caminhoneiros paralisaram estradas para protestar contra medidas do governo federal.
A mobilização da população tem trazido alguns resultados importantes – pelo menos sob a ótica dos manifestantes. No caso da greve dos professores e servidores, os manifestantes forçaram a retirada de projeto que extinguia benefícios e unia fundos do Paranáprevidência. A pressão popular decretou, também, a morte das votações em comissão geral – o popular “tratoraço” na Assembleia. Os caminhoneiros também conseguiram forçar o governo a ceder a algumas demandas da categoria.



