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Fiscalização

ONG clona sites de governos para ampliar transparência

Transparência Hacker cria espelhos das páginas oficiais de órgãos públicos, mas com informações mais detalhadas de gastos

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Criar aplicativos para transformar informações públicas que estão na internet em algo realmente útil para o cidadão. É esse o principal objetivo do movimento Transparência Hacker, que hoje conta com a participação de quase 500 colaboradores. "O trabalho que interessa a gente é pensar em formas para qualificar o acesso às informações", afirma Pedro Markun, um dos criadores do movimento.

A iniciativa começou de forma despretensiosa em 2009, após o governo federal lançar o Blog do Planalto. A página era mais um canal de comunicação da Presidência com a população, mas não abria espaço para comentários. Como resposta, Markun e a jornalista Daniela da Silva criaram um clone da página, mas com espaço para os leitores deixarem suas opiniões. A repercussão da brincadeira surpreendeu aos dois.

"Quando a gente viu o impacto do clone, nos demos conta de que poderia ser criado algo interessante na intersecção entre conhecimento técnico em informática e participação na atividade política", comenta Markun. Para colocar em contato esses dois mundos e promover essa intersecção, Markun e Daniela convocaram o primeiro Hacker Day. Desde então foram realizadas outras diversas edições do evento. A intenção é que nos encontros sejam desenvolvidos aplicativos para facilitar o acesso a informações públicas.

Entre os projetos já desenvolvidos dentro do espírito do Transparência Hacker está um site que agrupa os dados das despesas dos vereadores de São Paulo com a verba de ressarcimento. A página (http://cmsp.topical.com.br) é alimentada por informações que são colocadas na internet pela própria Câmara Municipal de São Paulo.

No site é possível comparar as informações de cada vereador, ver qual bancada fez os maiores gastos e quais os principais fornecedores dos parlamentares. Opções que não existem na página oficial da Câmara Municipal. No portal oficial, estão apenas dados crus e colocados de uma maneira que não facilita a análise das informações.

Sociedade

Além do desenvolvimento de aplicativos, outra preocupação do movimento é conscientizar a população para a necessidade de os dados públicos estarem abertos e disponíveis para a consulta de qualquer pessoa. "Não acho que avançamos nessa questão sem mostrar que isso é importante para nós", diz Daniela. Ela observa que essa maior cobrança da sociedade só virá depois que as pessoas perceberem que ter informações na rede e de maneira clara pode interferir, diretamente, no cotidiano de todos.

A aprovação do projeto de lei que regulamenta o acesso à informação pública é mais uma bandeira do movimento Transpa­­­rência Hacker. O texto, que tramita no Congresso desde 2003, aguar­­­da votação no Senado há quase um ano. Na última terça-feira, as Comissões de Ciência e Tecnologia e de Direitos Humanos e Legislação Participativa aprovaram o projeto em uma sessão conjunta. O esforço é para que a proposta seja aprovada na Casa a tempo de ser sancionada no dia 3 de maio – Dia Internacional pela Liberdade de Imprensa – pela presidente Dilma Rousseff.

Serviço:

Para conhecer mais o Transparência Hacker acesse: http://thacker.com.br/Para participar, entre na lista de discussão: thackday@googlegroups.com

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