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Presidente Dilma em vistoria à ferrovia, em 2014, no trecho que liga Palmas (TO) a Anápolis (GO). | Ichiro Guerra/Dilma 13
Presidente Dilma em vistoria à ferrovia, em 2014, no trecho que liga Palmas (TO) a Anápolis (GO).| Foto: Ichiro Guerra/Dilma 13

Protagonista de escândalos de corrupção desde 1987, a Ferrovia Norte-Sul voltou ao noticiário na sexta-feira (26), com a deflagração da Operação O Recebedor, da Polícia Federal.

A PF cumpriu 44 mandados de busca e apreensão e sete de condução coercitiva em seis estados do Brasil e no Distrito Federal.

De acordo com as investigações, cerca de R$ 630 milhões foram desviados da obra somente no estado de Goiás. Somente a empreiteira Camargo Correa, que assinou acordo de leniência no âmbito da Operação Lava Jato, confessou ter pagado R$ 800 mil em propina ao então presidente da Valec – estatal responsável pela ferrovia – José Francisco das Neves, conhecido como Juquinha.

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Até agora, já foram gastos R$ 3 bilhões nas obras da ferrovia, mas somente 25% do projeto está pronto. Juquinha foi presidente da Valec de 2003 até 2011, quando foi afastado por suspeita de corrupção. Ele foi indicado pelo então deputado Valdemar Costa Neto (PR-SP) e teve a aprovação do ex-senador José Sarney (PMDB).

“De acordo com a Camargo Correa, houve um cartel. Não houve propriamente uma concorrência, embora a licitação tenha sido aberta, mas as empresas fizeram um clube, distribuíram qual lote cada qual ia pegar. Esse cartel era administrado, segundo a Camargo Correa, pelo José Francisco das Neves, que não disse qual empresa deveria ganhar. Mas, ele teria colocado no edital exigências que excluíam a maioria das empresas”, explicou o procurador do Ministério Público Federal (MPF) de Goiás Hélio Telho.

Histórico

A suspeita de cartel em obras da ferrovia não é uma novidade. A Ferrovia Norte-Sul é um projeto dos anos 1980 e foi iniciada no governo de José Sarney (1985-1990).

Sarney em visita à ferrovia como presidente, em 1989.Lula Marques/Folhapress

Na época, o então sindicalista Luiz Inácio Lula da Silva dizia que era uma obra para ligar “nada a lugar nenhum”. Durante o mandato do presidente petista, porém, a ferrovia virou uma das vitrines do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). O projeto foi ampliado e prevê ligar Açailândia, no Maranhão, até Rio Grande, no Rio Grande do Sul.

Em 1987, uma reportagem publicada pelo jornal Folha de S. Paulo denunciou o esquema de corrupção na licitação para a construção de 18 lotes da ferrovia, orçados em US$ 2,5 bilhões.

As empresas que venceram a licitação – parte delas investigadas atualmente na Lava Jato – tinham combinado preços, de acordo com a reportagem.

O jornal antecipou em cinco dias o resultado da disputa, através de um pequeno anúncio na seção de classificados do periódico, que informava quais seriam as empresas vencedoras e qual lote cada uma levaria. Na época, o inquérito que apurou a denúncia acabou sendo arquivado e ninguém foi punido.

Desdobramentos da Lava Jato

As investigações da Lava Jato ajudaram a PF a deflagrar a operação O Recebedor na sexta(26). Em depoimentos de colaboração premiada, o presidente da Camarago Correa, Dalton Avancini ,confessou ter pago propina para participar das obras da ferrovia. A empresa participou de contratos no valor de R$ 1 bilhão, assinados em 2010.

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