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“O final foi escrito antes do seu início. Nós tentamos investigar, mas não nos deram oportunidade. A CPI foi a submissão absoluta ao Executivo.”
Alvaro Dias (PSDB-PR), senador e membro da CPI da Petrobras | José Cruz/ABr
“O final foi escrito antes do seu início. Nós tentamos investigar, mas não nos deram oportunidade. A CPI foi a submissão absoluta ao Executivo.” Alvaro Dias (PSDB-PR), senador e membro da CPI da Petrobras| Foto: José Cruz/ABr

A oposição ao governo Lula decidiu ontem abandonar em definitivo a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Petrobras, no Senado. Embora senadores governistas tenham marcado para hoje o depoimento do presidente da estatal, Sérgio Gabrielli, parlamentares do DEM e PSDB se articulam para deixar a comissão sem participar do depoimento dele à comissão – no qual vai apresentar detalhes sobre a gestão da Petrobras. Além de abandonar a CPI, a oposição vai encaminhar denúncias contra a estatal ao Ministério Público Federal. "Não há mais disposição de comparecer a sessão alguma dessa CPI. Amanhã (hoje) vamos anunciar representações ao Ministério Público na linha de denúncia e farsa que se constituiu essa comissão", adiantou o senador Alvaro Dias (PSDB-PR).

A oposição acusa o governo de "blindar" as investigações, impe­­­­din­­­do a aprovação de requerimentos de interesse do DEM e PSDB. Por esse motivo, os oposicionistas afirmam que não têm mais motivo para permanecer na comissão, pois não têm voz nas investigações.

"O governo desrespeitou a oposição, mas tenta desmoralizar um instituto fundamental ao parlamento que é a comissão parlamentar de inquérito. Não superamos nem a primeira etapa da CPI porque fomos impedidos", disse o tucano. Os senadores oposicionistas acusam o governo de impedir as investigações, marcando depoimentos de acordo com a sua conveniência.

A polêmica começou depois que o senador João Pedro (PT-AM), presidente da CPI, marcou o depoimento de um diretor da Petrobras há duas semanas sem o conhecimento da oposição, que reivindicava uma reunião administrativa para a análise de requerimentos. Ao lado do senador Sérgio Guerra (PSDB-PE), Alvaro anunciou que não compactuaria com uma "farsa" e anunciou a saída da reunião.

A oposição se irritou mais ainda depois de constatar que o diretor Barbosa Filho, convidado para de­­­por, enviou outros representantes da Petrobras no seu lugar para pres­­­tar esclarecimentos sobre a estatal.

Governistas

A base aliada governista, porém, promete dar prosseguimento às investigações na CPI da Petrobras mesmo se a oposição sacramentar a saída da comissão. Relator da CPI, o senador Romero Jucá (PMDB-RR) vem afirmando que os governistas têm número suficiente de parlamentares para aprovar o relatório final da CPI mesmo se o DEM ou o PSDB abandonarem a comissão.

Ao contrário do que afirma a oposição, Jucá disse na semana passada estar disposto a prosseguir com as investigações sobre a estatal. O relator afirmou que seus próximos passos na relatoria serão discutir, na comissão, temas como controle de patrocínios da estatal, mudanças na legislação para empresas mistas e o pré-sal.

Nos bastidores, no entanto, a oposição afirma que Jucá vai acelerar os trabalhos para encerrar as investigações na CPI da Petrobras o mais rápido possível. Alvaro afirmou que não há, da parte da oposição, preocupação com os rumos da CPI porque o governo não está disposto a incluir os pedidos do DEM e PSDB. "O final foi escrito antes do seu início. Nós tentamos investigar, mas não nos deram oportunidade. A CPI foi a submissão absoluta ao Executivo", afirmou o senador paranaense.

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