
A bancada de oposição na Assembleia Legislativa promete entrar com um mandado de segurança na Justiça para obter mais detalhes a respeito do projeto "Tudo Aqui Paraná". Ontem, a bancada do governo rejeitou dois requerimentos dos oposicionistas que pediam informações sobre o programa e um terceiro que convocava o secretário estadual do Planejamento, Cassio Taniguchi, para ir à Casa explicar o assunto. Amanhã de manhã, ele vai se reunir com os deputados, mas a portas fechadas, no gabinete da presidência.
Além da convocação do secretário, a oposição, que alega falta de transparência ao longo de todo o processo, solicitava uma série de informações ao governo: formas de divulgação do edital de licitação, base de cálculo que embasou o valor total do contrato, cópia de documentos da concorrência e estimativa de gastos para a administração pública com o programa. Pelo projeto, que ainda está em fase de licitação, uma empresa será contratada pelo governo para implantar e operar nove unidades de atendimento ao cidadão no Paraná. O valor do contrato, que será de 25 anos prorrogáveis por mais 25, é de quase R$ 3 bilhões.
Queda de braço
"A precariedade [do edital] choca qualquer cidadão. Não se fala, por exemplo, quantos funcionários serão necessários no programa, quanto custará cada cargo", criticou o líder da oposição, Tadeu Veneri (PT). "Qualquer prefeito que fizesse isso, no dia seguinte, o Tribunal de Contas, o Ministério Público e a Polícia Federal estariam na porta da sua casa."
Em resposta, o líder do governo, Ademar Traiano (PSDB), argumentou que o mesmo programa tem ótimos resultados em vários estados do país. Segundo ele, em São Paulo, por exemplo, foram 3 milhões de atendimentos em dois anos e um índice de aprovação de 98% ao chamado Poupatempo. O parlamentar propôs, inclusive, que seja formada uma comissão de deputados para visitar o projeto em outros estados. "Estamos cansados de ouvir teorias conspiratórias, suspeitas infundadas e delírios ideológicos. Queremos apenas facilitar a vida da população", afirmou.
O tucano ressaltou ainda que, na reunião com Taniguchi, os deputados interessados terão liberdade para esclarecer qualquer dúvida a respeito do programa. Segundo ele, se o secretário falasse em plenário, a oposição "faria um teatro, tentando politizar o assunto".
"Eu é que não irei ao teatro montado pelo governo. O secretário exerce um cargo público e não pode dizer eu vou, mas não quero imprensa, não quero responder a perguntas que me constranjam", rebateu Veneri. "Todos aqui temos mais de 18 anos e somos responsáveis pelos nossos atos. O problema é que eles ficam tentando explicar o inexplicável."



