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resposta aos protestos

Pacotaço anticorrupção da presidente Dilma “nasce” refém do Congresso

Apenas uma medida entre as sete anunciadas não depende de aprovação do Legislativo ou da formação de uma comissão

Criminalização do caixa dois de campanhas eleitorais e  enriquecimento ilícito de funcionários públicos estão entre os itens criminalizados | Marcello Casal Jr/Agência Brasil
Criminalização do caixa dois de campanhas eleitorais e enriquecimento ilícito de funcionários públicos estão entre os itens criminalizados (Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil)

Ainda em meio à queda de popularidade e ao calor das manifestações contra o governo federal no domingo (15) , a presidente Dilma Rousseff lançou nesta quarta-feira (18) um “pacotaço” de ações para aumentar a prevenção e a punição a atos de corrupção.

Porém, apenas uma medida de um total de sete não depende de aprovação no Congresso ou do resultado do trabalho de uma comissão que ainda será formada. A medida, no caso, é a que regula a Lei Anticorrupção, sancionada 19 meses atrás, mas que ainda não havia sido regulamentada.

Os outros itens anunciados pela presidente, em evento no Palácio do Planalto que contou com a presença de alguns dos principais ministros, são a criminalização do caixa dois de campanhas eleitorais e também do enriquecimento ilícito de funcionários públicos; confisco de bens dos servidores públicos que tiverem enriquecimento incompatível com os ganhos; alienação antecipada de bens apreendidos; extensão dos critérios da Lei da Ficha Limpa para funcionários públicos em cargos de confiança; e a criação de um grupo de trabalho de juristas e outros setores para a elaboração de propostas que agilizem o julgamento de processos que tratem de corrupção na Justiça (veja mais nesta página).

“Somos um governo que não transige com a corrupção. Essas medidas facilitam a luta contra a impunidade, expurgando males que carregamos há séculos”, afirmou Dilma. “Além dessas leis, é preciso uma nova consciência, uma nova cultura do país, fundada numa moralidade republicana. Ela tem de nascer dentro de cada lar, de cada escola, da alma e do coração de cada cidadão”, discursou.

Análise

Diretor da organização não governamental Contas Abertas, Gil Castelo Branco vê com ceticismo as medidas “moralizadoras” anunciadas pelo governo. “A Dilma acabou fazendo hoje [quarta] o que tinha prometido durante a campanha. As medidas são as mesmas. Esse pacote foi feito absolutamente de afogadilho, para dar uma resposta à população. Pegaram o que tinham na prateleira e embrulharam”, disse.

Castelo Branco cobrou ações importantes que ficaram de fora do “pacotaço”, como a sugestão de diminuir consideravelmente o número de cargos de confiança no governo – uma proposta da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). “O país não vai mudar num curto espaço de tempo porque boa parte dessas medidas depende do Legislativo. E o Legislativo tem seu tempo próprio”, completou, em referência a cinco das sete medidas que precisam necessariamente da aprovação de deputados e senadores.

Opinião compartilhada pelo ex-presidente da seção paranaense da OAB e presidente da comissão de controle social dos gastos públicos da OAB, José Lúcio Glomb. “A presidente está bastante acuada. E entendeu que precisava dar uma resposta para uma sociedade que demonstrou uma extraordinária insatisfação. [O pacote anticorrupção] é mais um passo, mas não significa que tudo estará resolvido”, ressaltou.

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