Encontre matérias e conteúdos da Gazeta do Povo
aposentados

Pacotaço tira mais verba da previdência estadual para pôr no caixa do governo

Medidas anticrise preveem que dinheiro da venda da folha dos inativos do Paraná ficará com o Tesouro. Negociação pode render R$ 123 mi

Batalha do Centro Cívico: Assembleia aprovou redução de R$ 125 milhões mensais do aporte do governo à Paranaprevidência. | Daniel Castellano/Gazeta do Povo
Batalha do Centro Cívico: Assembleia aprovou redução de R$ 125 milhões mensais do aporte do governo à Paranaprevidência. (Foto: Daniel Castellano/Gazeta do Povo)

Pouco menos de cinco meses depois de reduzir em R$ 125 milhões o aporte mensal que faz à Paranaprevidência em meio à batalha do Centro Cívico, o governo do estado pretende manter para si o dinheiro obtido com a venda aos bancos da gestão da folha dos inativos do estado. A medida está prevista no artigo 58 do “pacote anticrise”, enviado à Assembleia Legislativa na terça-feira (15), e já provocou revolta entre os servidores. Tramitando em regime de urgência, o projeto deve ser aprovado nas próximas duas semanas.

Assinado em 1.º de dezembro de 2010, ainda na gestão do governador Orlando Pessuti (PMDB), a última venda da folha de inativos foi para a Caixa Econômica, pelo valor de R$ 90 milhões. Pelo acordo, o montante foi revertido em favor da Paranaprevidência, para ser usado, exclusivamente, “em programas de investimentos [para] a otimização dos recursos vinculados aos Fundos de Natureza Previdenciária por ela geridos, incluindo-se, os procedimentos de concessão e manutenção de benefícios”.

Agora, porém, o Executivo tem a intenção de remeter ao caixa geral do estado a verba obtida com a próxima negociação da folha dos aposentados, já que o atual contrato com a Caixa vence em 30 de novembro. Num cálculo hipotético, considerando a inflação de 36,86% medida pelo IPCA de dezembro de 2010 até o mês passado, a venda da folha dos inativos engordaria os cofres do estado em R$ 123,2 milhões.

A medida proposta pelo governo contraria o artigo 30 da Lei 12.398/1998, que rege a previdência estadual. Pelo texto, “são receitas administrativas vinculadas [ao órgão] as rendas que a Paranaprevidência venha auferir por meio de convênios ou contratos com outras instituições”.

Por meio da assessoria de imprensa, a Secretaria da Fazenda afirmou que os R$ 90 milhões pagos pela Caixa cinco anos atrás já foram administrados pelo Tesouro do estado. E, agora, com a iminência da negociação de um novo contrato, o objetivo é apenas deixar claro na lei que caberá à pasta escolher o banco que vai gerir as folhas de ativos, inativos e pensionistas.

Na contramão da secretaria, o próprio líder do governo na Assembleia, Luiz Claudio Romanelli (PMDB), admitiu que os recursos do atual contrato foram destinados à Paranaprevidência, e não ao caixa estadual.

“Esses recursos são dos aposentados”, criticou Marlei Fernandes, do Fórum das Entidades Sindicais do Paraná. “Mais uma vez, o governo corre para fazer caixa sob todas as óticas às custas dos servidores. Não vamos aceitar isso, e, se for preciso, acionaremos inclusive o Ministério da Previdência.”

Pacote anticrise

Veja quais são as medidas do pacote anticrise do governo Richa e quem será afetado:

Medida Descri‹o Impacto Afetados
Compras a distância Essa medida impacta nas compras feitas do consumidor do Paraná pela internet ou telefone de empresas sediadas em outros estados. O Projeto de Lei 662/2015 enviado pelo governo à Assembleia em 3 de setembro inclui na cobrana do ICMS operações de contribuintes paranaenses nas quais o imposto é recolhido apenas no estado de origem. Se houver diferença no ICMS cobrado do estado de origem e o do Paraná, a empresa terá de pagar esse porcentual. Na prática, as empresas poderão repassar esse custo adicional ao consumidor do estado. Além disso, o texto prevê que, caso a loja em questão não recolha a diferença, o consumidor final arque com o recolhimento. O mesmo valerá para as transportadoras desses produtos. não divulgado Paranaenses que fazem compras pelo telefone ou internet (e empresas com sede fora do estado
Fim da isenção de crédito de ICMS para transporte de carga O projeto prevê o fim do benefício de compensação de créditos de ICMS para o transporte de carga própria em relação aos seguintes itens: Óleos, peças de reposição, outros produtos de manutenção da frota e demais materiais rodantes. Esse item é mais um que deve aumentar a arrecadação estadual. não divulgado Empresas
Fundo de Combate à Pobreza A criação desse fundo tem sido utilizada pelo governo do estado como chamariz do projeto. Na Agência Estadual de Notícias, o secretário da Fazenda, Mauro Ricardo Costa, disse que o projeto se refere a medidas que pode propiciar o aumento de receitas em algumas áreas, para combater a pobreza. O governo também ressaltou que não se trata de aumento impostos. Mas a decisão afeta o cofre dos municípios em uma jogada de mestre: o Executivo estadual reduziria em dois pontos o imposto de produtos como bebidas alcoólicas, cosméticos, fumo e gasolina, para logo em seguida incluí-los no mesmo índice fazendo com que esses recursos deixem de ser vinculados aos repasses obrigatórios que devem ser feitos às prefeituras e demais poderes do estado. R$ 400 milhões Prefeituras e demais poderes estaduais
Taxação dos inativos Dando sequncia às medidas que alteram a previdência estadual, o governo do estado utilizou o PL 662 para se adequar à legislação federal e pagar o mesmo e pagar o mesmo porcentual que o funcionalismo público ao sistema previdenciário, a título de contrapartida. Mas o texto deixa de fora inativos e pensionistas. A taxação de 11% sobre a aposentadoria dos inativos começou a ser feita em abril deste ano, sobre o valor que excede o teto do INSS, hoje fixado em R$ 4.663,75. O líder do governo da Assembleia, Luiz Claudio Romanelli (PMDB), disse que esse erro será corrigido. não divulgado Aposentados e pensionistas do estado. Sem a contribuição do governo, a Paranaprevidência fica ameaçada
Venda de ações da Copel e da Sanepar O governo do estado incluiu um artigo no projeto para se desobrigar a consultar o legislativo sempre que quiser vender a›es de empresas pœblicas e de economia mista, como a Copel e a Sanepar. Em maio, o secretário Mauro Ricardo Costa chegou a defender a venda de parte das duas companhias para fazer caixa, mas o governador Beto Richa (PSDB) refutou a ideia naquela época. Para fazer a mudança, o governo utilizou o último paragrafo do projeto de lei que será analisado hoje para revogar um inciso da Lei Estadual 15.608/2007 não divulgado As estatais, que terão mais sócios privados

Principais Manchetes

Receba nossas notícias NO CELULAR

WhatsappTelegram

WHATSAPP: As regras de privacidade dos grupos são definidas pelo WhatsApp. Ao entrar, seu número pode ser visto por outros integrantes do grupo.