• Carregando...
Padilha: “Qualquer fala agora é prejudicial.” | Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil
Padilha: “Qualquer fala agora é prejudicial.”| Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

Homem forte do governo Michel Temer, mas cada vez mais enrolado nas investigações da Lava Jato – com o nome dado como certo na chamada “lista de Janot” –, o ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, voltou nesta segunda-feira (13) ao trabalho após 20 dias afastado por causa de uma cirurgia na próstata. Na agenda oficial, a missão é articular as negociações para a aprovação da reforma da Previdência. Nos bastidores, a luta é outra: buscar sobrevivência política, colocando em teste a eficiência do “rito da degola” estabelecido por Michel Temer em blindar ministros até que sejam oficialmente denunciados ao Supremo Tribunal Federal.

O início do período de licença do peemedebista coincidiu com a declaração de José Yunes, amigo do presidente Temer, na qual se reforçava o suposto envolvimento de Padilha em operações de dinheiro não registrado a campanhas eleitorais do PMDB. No último fim de semana, novos vazamentos complicaram ainda mais Padilha. Em depoimento ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o ex-executivo da Odebrecht José de Carvalho Filho afirmou que o ministro recebeu senhas para o pagamento de caixa 2 ao PMDB. O valor destinado ao partido negociado por Padilha teria sido de R$ 5 milhões.

‘Semana de cão’ vai testar Temer e definir o futuro do governo. Saiba por quê

Leia a matéria completa

As novas denúncias colocam o ministro-chefe da Casa Civil como o alvo da vez e também são um teste para a eficiência do “rito da degola” anunciado por Temer em fevereiro na blindagem dos ministros até se tornarem alvo de denúncia no Supremo. Há um mês, o presidente Temer convocou a imprensa para informar que não demitirá ministros de Estado apenas citados no âmbito da Lava Jato ou mesmo alvos formais de investigação por parte da Procuradoria-Geral da República (PGR). Um afastamento só ocorreria se a PGR oferecesse de fato uma denúncia ao STF.

Na corda bamba, Padilha tenta manter vida normal no governo

Enquanto caminha na corda bamba, Padilha tenta manter vida normal. A manhã desta segunda-feira foi de reuniões . Em rápida conversa com jornalistas, o ministro se negou a esclarecer o episódio relatado por José Yunes. “Não vou falar sobre algo que não existe [....]. Qualquer fala agora é prejudicial. Ficarei quieto”, concluiu o ministro.

Ainda com uma aparência debilitada, Padilha informou à imprensa que a recomendação médica era por um período maior de afastamento dos trabalhos. O fator “psicológico”, contudo, teria pesado na sua decisão de voltar a Brasília. O peemedebista se refere especialmente à Reforma da Previdência, em trâmite na Câmara dos Deputados.

A equipe de Padilha teve participação na formatação do texto enviado ao Legislativo no final do ano passado - Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 287/2016 – e, por isso, qualquer negociação sobre eventuais alterações na proposta original deve passar pela Casa Civil.

Desde o início do mês, a PEC 287/2016 tem enfrentado resistência na Câmara dos Deputados, onde até parte da base aliada contesta pontos apresentados pelo Planalto. Na avaliação de auxiliares do presidente Temer, a presença de Padilha seria fundamental agora, no convencimento de parlamentares.

O nome de Padilha é dado como certo na “lista de Janot”, no âmbito da Lava Jato. Ele e outras aproximadamente 80 autoridades – no número extraoficial que circula em Brasília – estariam na relação de nomes que o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, levará ao STF, em busca de autorização para a abertura de inquéritos.

A expectativa é que a “lista de Janot” seja entregue ao ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato, ainda nesta segunda-feira (13).

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]