
O ex-diretor do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) Luiz Antonio Pagot confirmou ontem, em depoimento à CPI do Cachoeira, que procurou empresas com contratos com o órgão para que elas fizessem doações para a campanha de Dilma Rousseff à Presidência, em 2010. Ele já tinha falado sobre o assunto antes da aprovação de sua convocação para a CPI, em um entrevista.
Segundo Pagot, a ajuda foi pedida pelo tesoureiro da campanha de Dilma, o deputado federal José de Filippi (PT-SP). Diante de uma lista de 369 empresas que tinham contrato com o órgão, Filippi teria dito que as maiores já estavam sendo contatadas. Se quisesse, poderia pedir para 30 ou 40 empresas. "Procurei [as empresas] e não estava praticando nenhuma irregularidade. Não associei a nenhum ato administrativo no Dnit e não estabeleci percentuais", afirmou. "Algumas empresas encaminharam um boleto demonstrando que tinham feito a doação, legalmente, na conta de campanha. Não passaram de meia dúzia."
Pagot também comentou a suspeita de desvio de parte dos recursos da obra do Rodoanel, em São Paulo, para a campanha de tucanos e aliados, Segundo ele, o governo de São Paulo investiria R$ 2,4 bilhões e o governo federal R$ 1,2 bilhão, mas a Dersa, órgão do governo de São Paulo, reivindicou um aditivo de R$ 260 milhões. O ex-diretor disse que não houve termo aditivo.
De acordo com Pagot, passado o episódio, um amigo o alertou, em um restaurante em Brasília, que o aditivo tinha finalidade de contribuir para as campanhas de José Serra, Geraldo Alckmin e Gilberto Kassab. O ex-diretor do Dnit disse que foi mal interpretado quando relatou essa versão em entrevista à revista Istoé. "Isto é uma conversa de bêbado, de botequim, que não pode se provar".
Demóstenes
O ex-diretor do Dnit disse ainda que participou de um jantar no apartamento do ex-senador Demóstenes Torres em Brasília com a participação do dono da empreiteira Delta, Fernando Cavendish. Cavendish tem depoimento marcado para hoje na CPI do Cachoeira.
Pagot afirmou que o jantar ocorreu em fevereiro de 2011. A Delta tinha contratos com o Dnit para obras rodoviárias. "[Demóstenes] me disse o seguinte: eu tenho dívidas com a Delta, ela tem me apoiado nas campanhas, e eu preciso ter alguma obra com o meu carimbo", afirmou Pagot.
Segundo Pagot, essas obras seriam em duas rodovias federais em Mato Grosso. Pagot afirmou que negou o pedido do então senador. "Respondi que lamentava, , que não tinha possibilidade nenhuma de o diretor geral do Dnit ir para o mercado e dizer: Olha, reservem uma obra para a Delta."



