O dia ontem foi de derrotas para o ministro chefe da Casa Civil, Antônio Palocci. No Senado, Pedro Simon, filiado a um partido da base de Dilma Rousseff, o PMDB, pediu da tribuna que Palocci se afastasse do cargo. Na Câmara, deputados governistas falavam à imprensa, ainda que pedindo para não ser identificados, que a hora de Palocci sair realmente já chegou. E em seu próprio partido, o PT, o ministro não teve o apoio que poderia esperar: a Executiva nacional decidiu não fazer uma nota pela permanência do coordenador político do governo.
VÍDEO: O correspondente André Gonçalves analisa crise Palocci
Os problemas de Palocci, que começaram no dia 16 de maio, quando a Folha de S. Paulo divulgou que o ministro aumentou seu patrimônio em 20 vezes durante os últimos quatro anos, se tornaram mais graves nesta quarta-feira, quando a Comissão de Agricultura da Câmara dos Deputados, num cochilo dos deputados governistas, conseguiu aprovar uma convocação para que o ministro se explique no Congresso.
Ontem, o ministro Gilberto Carvalho, da Secretaria-Geral da Presidência, liderava uma operação para tentar realinhar o PT em defesa do ministro. No entanto, pode ser tarde demais. No Rio Grande do Sul, o presidente regional do partido, deputado estadual Raul Pont, pediu em público a saída de Palocci. E a tentativa de fazer com que a cúpula petista declarasse oficialmente apoio ao chefe da Casa Civil fracassou.
O presidente nacional do PT, Rui Falcão, disse na saída da reunião da Executiva que o partido não produziu uma nota de apoio ao ministro porque, segundo ele, parlamentares e ministros já vêm fazendo a defesa de Palocci publicamente. Falcão afirmou que o caso Palocci não foi tratado durante a reunião. No entanto, a reportagem apurou que o assunto fez parte da pauta do partido e provocou mal-estar.
Mais cedo, Carvalho negou que a crise envolvendo Palocci esteja paralisando o governo. ?A crise para nós tem um peso, uma importância, mas ela é muito relativa. A ordem da presidente é que a gente continue trabalhando?, disse ele.
Questionado se a situação de Palocci no governo é ?delicada?, Carvalho respondeu: ?Mas continua firme?. ?Nós não perdemos o nosso norte?, disse Carvalho, acrescentando que ?as crises são importantes, a gente enfrenta com maturidade?.
Simon
Em seu discurso na tribuna do Senado, ontem, o peemedebista Pedro Simon disse que está ?ficando feio? para o PT e para o PMDB impedirem que Palocci seja convocado para prestar esclarecimentos na Casa. ?Ministro, Vossa Excelência deveria se afastar. Se afastar hoje ou amanhã, antes de se criar CPI ou antes do Ministério Público se posicionar. A grande saída é o senhor se afastar.?
Simon disse que não está condenando o ministro por antecipação, mas que o coordenador político do governo deveria se explicar à sociedade comparecendo ao Congresso para depor, como deseja a oposição.
Dos diversos senadores do PT, que acompanharam o discurso de Simon, nenhum se manifestou para defender o ministro. Por outro lado, nenhum parlamentar endossou as críticas de Simon.
O senador Pedro Taques (PDT-MT), governista, tentou comentar as palavras do peemedebista, mas acabou impedido depois que Simon extrapolou seu tempo na tribuna. Taques disse que defende a convocação do ministro para se explicar ao Congresso.
Reforma
Incomodados com a paralisia do governo, petistas já defendem mudanças na estrutura de articulação política do governo. Há, porém, o medo de que os escolhidos para a condução das costuras políticas sejam alvos de ataque.
Além dos nomes de Paulo Bernardo, Fernando Pimentel e Gilberto Carvalho para a Casa Civil, há quem defenda a volta de Alexandre Padilha para a vaga de Luiz Sérgio, que hoje responde pelas Relações Institucionais.
Interatividade
O ministro Palocci deveria se afastar durante as investigações?
Escreva para leitor@gazetadopovo.com.br
As cartas selecionadas serão publicadas na Coluna do Leitor





