
Preso desde março, o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa retornou para a carceragem da Superintendência da Polícia Federal (PF) em Curitiba. Um dos alvos da Operação Lava Jato, ele havia sido transferido na segunda-feira para o Presídio Estadual de Piraquara II (PEP II), na região metropolitana. A secretária de Justiça do Paraná, Maria Tereza Uille Gomes, porém, solicitou seu retorno para a carceragem da PF, onde esteve preso entre os dias 19 de março e 28 de abril. O pedido foi acatado pelo juiz Sérgio Moro, da 13.ª Vara Federal de Curitiba, e a transferência ocorreu por volta das 14 horas de ontem.
INFOGRÁFICO: Saiba por quais supostos crimes já foram denunciados os quatro alvos
De acordo com a assessoria da Secretaria de Justiça (Seju), a solicitação foi feita para "evitar problemas" e "preservar a integridade física" de Costa, que responde a processo por suspeita de lavagem de dinheiro e formação de quadrilha. No entendimento da secretária, a PEP II tem um alto número de detentos cerca de mil e não conta com o mesmo esquema de segurança de penitenciárias federais de segurança máxima. Sendo assim, seria arriscado manter o ex-diretor da Petrobras no local, defende.
Maria Tereza sugeriu, também, que Costa fosse transferido para a penitenciária federal de Catanduvas, no interior do Paraná, onde teria mais segurança. O juiz Sérgio Moro deu um prazo de cinco dias para que as partes envolvidas manifestassem sua posição em relação à transferência.
Defesa
Por meio de sua assessoria de imprensa, o advogado Fernando Fernandes, que defende Costa, disse que não concorda com a transferência para Catanduvas. No entendimento da defesa, não há motivo para que o ex-diretor da Petrobras permaneça preso, uma vez que todas as provas já foram colhidas. Além disso, o presídio federal tem como finalidade abrigar presos de alta periculosidade, o que não seria o seu caso. A defesa adiantou que deve formular um novo pedido de transferência para o Rio de Janeiro.
Também através da assessoria de comunicação, a PF declarou que está apenas cumprindo determinação judicial e que ele deve ficar sob sua custódia até que haja nova deliberação da Justiça sobre o caso.
Acusação
Costa foi preso no dia 19 de março pela Polícia Federal, durante a Operação Lava Jato. A operação, deflagrada dois dias antes, teve como alvo um esquema de lavagem de dinheiro e evasão de divisas que teria movimentado cerca de R$ 10 bilhões. Os principais alvos foram os doleiros Alberto Youssef, Nelma Kodama, Carlos Habib Chater e Raul Henrique Srour.
De acordo com a investigação, Costa estaria envolvido em um esquema de desvio e lavagem de dinheiro público em refinarias da Petrobras, junto com Youssef. Segundo a PF, o ex-diretor estaria tentando destruir provas do caso. Suas filhas e seus genros teriam ido ao escritório de sua empresa, a Costa Global, para coletar dinheiro e destruir documentos que interessariam aos investigadores. A defesa nega as acusações.
Nas últimas semanas, a Justiça Federal acatou duas denúncias, propostas pelo Ministério Público Federal (MPF), contra ele a primeira por crime de desvio de recursos públicos, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha, e a segunda por tentativa de destruição de provas. Neste último processo, seus familiares também são réus.
Costa disse ter sido ameaçado por agente; Polícia Federal apura o caso
Durante sua estada na carceragem da Polícia Federal (PF), o ex-diretor de abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa disse ter sido ameaçado por um agente. Ele escreveu dois bilhetes sobre a ameaça: o primeiro foi entregue a seu advogado no dia 21 de abril, e o segundo foi escrito no dia 28 quando ele foi transferido para o Presídio Estadual de Piraquara II (PEP II). Por meio de sua assessoria de comunicação, a PF declarou que foram adotadas medidas para apurar o caso.
No primeiro bilhete, Costa relatou que um agente o teria abordado dizendo que ele e seu advogado estariam "causando muita confusão" por causa de um pedido de caminhada e banho de sol no feriado. O bilhete foi entregue a seus advogados no dia 21, mas só se tornou público no dia 25.
Na segunda-feira, ele escreveu um novo bilhete relatando que teria sido abordado pela mesma pessoa. Costa disse, também, que passou 48 horas sem direito a banho de sol ou caminhada. "Estou com risco de vida junto à PF", alegou.
Piraquara
Costa também teria reclamado das condições do PEP II, por meio de bilhete. Ele relatou que a cela é muito suja e não possui vaso sanitário. Ele disse, ainda, que passou frio durante a noite por ter recebido "apenas uma manta", e que não conseguiu se alimentar no presídio devido à "baixa qualidade da comida".
Ele estava sozinho numa cela destinada a presos com ensino superior. O presídio comporta cerca de 900 presos. As visitas de seu advogado eram feitas num ambiente coletivo.
Segundo a secretária da Justiça do Paraná, Maria Tereza Uille Gomes, não houve notícias ou queixas de ameaça à integridade física de Costa.



