Curitiba Entre a avaliação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para quem a economia é "vulnerável" e a do ministro da Fazenda, Antônio Palocci que descarta turbulências a curto prazo , o curitibano acredita no pior. Para 75,49% dos eleitores consultados pela Paraná Pesquisas, a crise política que o país atravessa vai afetar a economia. Além disso, na avaliação de 90,39%, as principais denúncias ainda vão aparecer.
Apesar de prever um agravamento da situação, só 40,2% dizem que os culpados vão pagar por seus crimes. Outros 49,41% mostram-se céticos, não acreditam em punição. Estes eleitores dizem que falta rigor nas investigações e por isso, poucos acabam pagando por crimes como corrupção, uso irregular de dinheiro em campanhas eleitorais ou negociação de cargos públicos. Para 15,49%, o problema é que os acusados, mesmo os que estão sendo convocados para depor, têm "costas quentes".
O eleitor está sendo apenas realista, diz o cientista político Renato Monseff Perissinotto. "Não se trata de pessimismo, gato escaldado tem medo de água fria." O eleitor estaria avaliando a situação com base na apuração de denúncias contra o governo Fernando Collor de Mello (19901992) e Fernando Henrique Cardoso (19952002). Por outro lado, Perissinotto afirma que a avaliação sobre a economia peca pelo exagero. Ele observa que, enquanto as denúncias permanecerem no âmbito da apuração, não há grande risco de alastramento da crise.
O cientista político Paulo Roberto Neves Costa considera que a segurança do governo Lula vem dos mesmos motivos que impediram o PT de implantar mudanças estruturais. "A economia está caminhado de forma autônoma." Por outro lado, ele afirma que a série de denúncias representa um risco maior do que a chegada do Partido dos Trabalhadores no poder, em 2003. "O PT já vinha amenizando seu discurso", relembra.
A opinião dos eleitores, no entanto, parte do risco de o presidente estar envolvido nas denúncias. Para 42,16%, Lula tem culpa e, para 51,37%, tentou encobrir o pagamento de mesada a deputados. "É impossível que não esteja envolvido. O financiamento de campanhas no Brasil é o caos", acrescenta Tony Reis, presidente do grupo Dignidade (Curitiba) e secretário-geral da Associação Brasileira de Gays, Lésbicas e Transgêneros.
A confiança na economia é unanimidade entre os que acreditam na apuração das denúncias. Para Edemir Maciel, ativista do movimento estudantil, "o presidente não está envolvido, o problema é a dinâmica vergonhosa a que o governo é submetido desde a época de FH", defende. Em sua avaliação, o pior já passou. Para o estudante e artesão Reginaldo Duarte, o pior ainda não passou e diz ter certeza de que a economia será afetada. Ele alega que a população sempre acaba arcando com os prejuízos da corrupção. (JR)



