A força-tarefa da Lava Jato em Curitiba comemora nesta sexta-feira (17) o terceiro aniversário da operação cobrando reformas legislativas para que o país possa combater efetivamente a corrupção. Os procuradores destacaram a importância da sociedade manter a vigilância sobre o Congresso para evitar retrocessos e tentativas dos parlamentares aprovarem anistias aos crimes praticados e investigados pelo Ministério Público.
“Basta uma noite no Congresso Nacional e toda a investigação pode cair por terra”, destacou o procurador da República Carlos Fernando Lima. Segundo o procurador, a Lava Jato chegou a tal ponto que grande parte dos integrantes dos poderes Executivo e Legislativo são contra as investigações.
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Lima ainda alertou para a tentativa do Congresso aprovar anistia ao crime de caixa dois. “Não existe uma discussão de anistia ao caixa dois, estamos diante de uma anistia à corrupção”, disse o procurador. “É um benefício da classe política para si mesma. Eu acho isso inconstitucional e imoral”, completou.
Coordenador da força-tarefa em Curitba, o procurador Deltan Dallagnol reforçou a necessidade de aprovação de reformas para evitar novos casos de corrupção. Dallagnol destacou que o compromisso do Ministério Público Federal (MPF) é a repressão dos crimes, mas as reformas estruturais para impedir novos casos precisam partir do Congresso.
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“Ou o Brasil evolui para uma democracia real, onde o dinheiro não faz diferença e sim as ideias, ou vamos continuar onde estamos”, disse Lima.
Cooperação internacional
A força-tarefa da Lava Jato destacou nessa sexta-feira a importância dos acordos de cooperação jurídica internacional com outros países para a obtenção de provas. Segundo o procurador Paulo Galvão, a cooperação jurídica entre países é um dos grandes pilares da Lava Jato, antes mesmo dos acordos de colaboração premiada com investigados.
Galvão destacou a importância da cooperação com outros países para a prisão e obtenção de provas contra o doleiro Alberto Youssef e os ex-diretores da Petrobras Paulo Roberto Costa e Renato Duque, por exemplo, além de embasar provas em processos contra o ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró e o lobista Fernando Soares e contra o ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB).
Números
Os procuradores também apresentaram um balanço dos três anos da deflagração da Lava Jato. Até agora foram 183 pedidos de cooperação internacional com 42 países, além de R$ 594 milhões já repatriados pela força-tarefa. No total, são alvo de recuperação no exterior R$ 756,9 milhões.
A força-tarefa também mostrou que os crimes já denunciados envolvem o pagamento de R$ 6,4 bilhões em propina, gerando um prejuízo de R$ 42 bilhões à Petrobras. Além da repatriação, a Lava Jato pede ainda o ressarcimento de R$ 38,1 bilhões pelos crimes cometidos. Já foram oferecidas em primeira instância 58 denúncias contra 260 pessoas. O juiz Sergio Moro já proferiu sentença em 26 casos, contra 89 pessoas. As penas somadas chegam a 1,3 mil anos de prisão.



