
A CPMI do Cachoeira passa por uma "crise de identidade". Além de não conseguir que os depoentes falem, os integrantes da comissão gastam a maior parte do tempo em meio a uma disputa política protagonizada pelo PT e o PSDB. Dos 26 convocados, apenas seis não usaram do direito de permanecer em silêncio nos depoimentos. Ontem, quatro depoentes nem sequer apareceram para depor. Diante do marasmo, a CPMI pretende reconvocar o bicheiro Carlinhos Cachoeira depois que a mulher dele, Andressa Mendonça, disse ao programa Fantástivo, da TV Globo, que o marido quer falar. A CPMI já avalia a possibilidade de alguns integrantes da comissão irem até o presídio da Papuda, em Brasília, onde Cachoeira está preso, para ouvi-lo.
Enquanto isso, a CPMI tem ficado paralisada diante das ameaças mútuas entre oposição e governo. O mais novo capítulo da desavença entre tucanos e petistas acontecerá amanhã, na sessão administrativa da CPMI. A oposição (PSDB, DEM e o PPS) e os chamados parlamentares independentes (PDT) querem convocar Fernando Cavendish, principal acionista da empreiteira Delta, e o ex-diretor do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) Luiz Antônio Pagot. A Delta tem negócios com o governo federal, sobretudo com o Dnit
Em represália, o PT e parte dos partidos aliados ameaçam chamar Paulo Preto, o ex-diretor da Dersa (estatal paulista de rodovias). Ele é suspeito de ter feito caixa 2 para os tucanos. Os petistas querem ainda convocar Adir Assad, empresário de São Paulo que fez carreira no ramo do entretenimento, e é suspeito de ser um dos laranjas de Cachoeira. Suspeita-se que haja alguma relação entre Assad e o governador tucano de São Paulo, Geraldo Alckmin.
Diferente
"Esta é uma CPI diferente porque resulta de duas operações da Polícia Federal. A maioria das pessoas que chega aqui já é investigada", diz o relator da CPMI, deputado Odair Cunha (PT-MG), ao refutar que os trabalhos da comissão estão esvaziados. "Já temos muita informação."



