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Curitiba – Eram quatro horas da tarde quando o deputado José Borba (PMDB-PR) decidiu que entregaria ontem sua carta de renúncia à Mesa Diretora da Câmara. Até então, o parlamentar resistia à idéia. Pensava em enfrentar o processo de quebra de decoro parlamentar que seria instalado no Conselho de Ética. Antes de tomar a decisão final, o parlamentar recebeu dezenas de telefonemas, conversou com amigos, aliados políticos, familiares e, principalmente, com seu advogado, Roberto Bertholdo.

"Ele queria permanecer porque é inocente e porque é homem de enfrentar desafios. Queria enfrentar esse. Mas esse processo começou de trás para a frente. Começou com a sentença condenatória. Todos os demais atos e procedimentos praticados no âmbito administrativo da Câmara funcionam como uma maquiagem para um expurgo já decidido", diz Bertholdo que não vê nenhum indício mais forte contra seu cliente. "Não há documentos bancários que comprovem esse suposto depósito. É a palavra do Marcos Valério contra a do Borba."

O deputado é acusado de ter sacado R$ 2,1 milhões das contas do publicitário Marcos Valério, acusado de ser o operador do mensalão.

O peemedebista entregou sua carta de renúncia quando faltavam pouco mais de cinco minutos para as 18 h, horário no qual os processos seriam formalmente instalados no Conselho de Ética. Antes de entregar o documento, o parlamentar desabafou. "Vou estar num tribunal de exceção."

Em seu pedido de renúncia, Borba afirma que a conjuntura atual não permitiria sua ampla defesa.

"Dessa maneira, o momento não me concederá a oportunidade de apresentação de plena ampla defesa, eqüivalente a dizer que estarei, apesar de inocente, submetido a um tribunal de exceção", diz o documento.

O deputado deve descansar nos próximos dias, mas a tendência é de que não abandone a vida política.

"É prematuro falar sobre isso, mas é algo que tem mais a ver com as bases políticas e os eleitores do que com ele próprio", afirma Bertholdo.

Não é a primeira vez que o parlamentar fica em uma situação complicada perante a opinião pública. Em 1998, ele foi flagrado pelas câmeras da TV Câmara, em Brasília, quando votava em lugar de outro deputado, Valdomiro Meger (PFL-PR), que estava em Maringá e não participou da sessão de votação sobre a reforma da Previdência, ocorrida em março. Borba recebeu a senha de Meger, votou no lugar do companheiro, caracterizando o "pianismo" e falta de decoro parlamentar. Em janeiro do ano passado, em entrevista exclusiva à Gazeta do Povo, Borba justificou o ocorrido.

"Todos estamos sujeitos aos quebra-molas da vida. Foi um erro que cometi e passou. Não existe julgamento mais importante que o das urnas."

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