
A Paranaprevidencia negociou investir R$ 30 milhões no fundo de pensão Viaja Brasil, que supostamente impulsionou o crescimento do grupo Marsans Brasil, controlado pelo doleiro Alberto Youssef, um dos investigados pela Polícia Federal (PF) na Operação Lava Jato. Documentos que embasam as denúncias da Lava Jato apontam que a negociação ocorreu em 2012, mas não indicam o fechamento do negócio. O fundo Viaja Brasil era controlado pela empresa Máxima Asset Management, e funcionários da GFD Investimentos empresa de fachada controlada por Youssef auxiliavam na captação de clientes.
Em outubro de 2012, a GFD Investimentos detinha 82% das cotas do Viaja Brasil, de acordo com a investigação da PF.
Segundo e-mails interceptados durante as investigações, Enivaldo Quadrado, funcionário da GFD Investimentos, negociava um aporte de R$ 30 milhões da Paranaprevidência ao fundo Viaja Brasil.
Nos e-mails interceptados pela PF, não fica claro se o investimento foi realizado. A reportagem da Gazeta do Povo entrou em contato com a Paranaprevidência e a entidade negou ter investido no Viaja Brasil. A Paranaprevidência negou também que tenha realizado a negociação apontada nos e-mails interceptados.
Outros investimentos
De acordo com os investigadores da Lava Jato, o fundo Viaja Brasil destinou-se a acolher investimentos de Regimes Próprios de Previdência Social (RPPS) de servidores públicos dos estados e municípios brasileiros. Pelo menos seis RPPS aderiram ao fundo, entre eles a Paranaguá Previdência, que investiu R$ 2 milhões em 2012. O valor foi devolvido aos cofres públicos em novembro de 2014, depois de uma decisão judicial.
Outro RPPS que integra a lista é o Instituto Gestão Previdência do estado do Tocantins (IGEPREV), que investiu R$ 13 milhões. O caso virou alvo de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) na Assembleia Legislativa de Tocantins. O investimento teria causado um prejuízo de R$ 153 milhões, confirmado em uma auditoria do Ministério da Previdência.
Os fundos de pensão ainda não foram alvo de denúncias da Lava Jato. Até o momento, a operação se concentrou em desmantelar os quatro núcleos de doleiros Nelma Kodama, condenada a 18 anos de prisão, Carlos Habib Chater, Raul Srour e Alberto Youssef que atuavam em conjunto. O foco das ações penais, por enquanto, também é voltado para irregularidades nas diretorias de Abastecimento e Internacional da Petrobras, comandadas pelos ex-diretores Paulo Roberto Costa e Nestor Cerveró, respectivamente.
Novas denúncias devem ser apresentadas pelo Ministério Público Federal referentes à diretoria de serviços da estatal e a irregularidades no setor elétrico e nos fundos de pensão.



